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Nossos “monstros” de cada dia (por Mirian Guaraciaba)

Monstros e fantasmas não são da modernidade. Pertencem ao imaginário das lendas e histórias infantis. Vem da nossa alma

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Os Fantasmas se Divertem
Os Fantasmas se Divertem
1 de 1 Os Fantasmas se Divertem - Foto: Os Fantasmas se Divertem

“Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem”. Stephen King, escritor norte-americano, autor de mais de 60 livros de suspense, terror, e ficção sobrenatural.

Nada fácil apascentar os fantasmas internos que, vira e mexe, nos assombram. Sem qualquer razão aparente. Ou com todas as razões que enxergamos em problemas que, ao fim e ao cabo, nem existem.

É difícil. A pessoa com quem está tendo alguns (pequenos) desentendimentos, não responde ao zap. Leu. Ignorou. Lá vem o monstro, e você se convence: o sujeito não quer conversa com você, cansou, abusou, quer distância. Vou dar um tempo, pensa, olhando o celular a cada 5 minutos.

O chefe não elogiou o resultado do seu trabalho. Certamente, não gostou, você pensa. Soa o alarme do monstro. Você tem certeza de que poderia ter feito muito melhor, não prestou atenção na tarefa, fez com pressa, sem tesão. Vai tomar um esbregue, acredita.

A besta surge em diversas formas.

Às vezes até parecem inocentes, bobinhos. Não se engane. São cruéis. Se deixar, desequilibram suas emoções, tiram seu foco, adiam seus sonhos. Monstros e fantasmas internos são estudados há séculos pela psicologia. Reais e destrutivos.

Há saída para driblar a criatura.

“Às vezes, só precisa olhar seus monstros, seus medos e inseguranças e abraçá-los”, aconselha Rana Vitória, que se autointitula “psicóloga em formação, e cientista de si própria”. O melhor que você faz por você é encará-los, indica Rana.

Monstros e fantasmas não são da modernidade. Pertencem ao imaginário das lendas e histórias infantis. Vem da nossa alma, tão antigos quanto as fábulas, a mitologia. Se confundem com devaneio, ficção, utopia. Se não os tratarmos com cuidado, tomarão conta da nossa inteligência.

Michel Foucault, filósofo e psicólogo francês, exerceu a psicologia em hospitais e penitenciárias, nos anos 50. Ensinou: “Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta”.

“Sonhos, motivação, desejo de ser livre, nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor. Tenha medo de não enfrentá-la”, recomenda Foucault (1926-1984).

“A gente vai ter problema”

“Se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”, ameaçou a juíza Gabriela Hardt, em interrogatório do Presidente Lula, em novembro de 2018. Ainda na suspeita Lava Jato, substituindo o agora investigado Sergio Moro, Hardt foi grosseira, arrogante e insolente.

Ontem, a juíza teve problema com o Corregedor Nacional da Justiça, Luis Felipe Salomão, que a afastou de suas funções, além dos desembargadores federais Loraci Flores de Lima, João Pedro Gebran Neto e Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Todos julgaram processos da Lava Jato em segunda instância.

O afastamento de Hardt traz acusação grave: criação de fundação “eivada” de irregularidades, com recursos de multas pagas por condenados da Lava Jato. Sem fundamentação legal, sem transparência, a fundação atingiria montantes superiores a R$ 5 bilhões.

Inusitado, vale a pena citar o voto do Corregedor: “Constatou-se que, em dado momento, tal como apurado no curso dos trabalhos, a ideia de combate à corrupção foi transformada em uma espécie de ‘cash back’ para interesses privados, ao que tudo indica com a chancela e participação dos ora reclamados [Gabriela Hardt e Moro]”. É isso.

 

Mirian Guaraciaba  é jornalista 

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