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Netanyahu e Eichmann (por Eduardo Fernandez)

É a banalidade do mal, praticada por estados que se dizem democráticos

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1 de 1 Imagem colorida mostra primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu - Metrópoles - Foto: Kena Betancur/Getty Images

Em 1960, o estado hebreu, por agentes do Mosad, quebrou a soberania da Argentina e sequestrou, em Buenos Aires, um criminoso de guerra alemão foragido. Secretamente, levou-o para Israel e, num julgamento midiático e de resultado previamente decidido, condenou-o e o enforcou. A banalidade do mal, é a expressão que passou a caracterizar não só os crimes contra a humanidade cometidos por Eichmann, mas também comportamentos semelhantes.

Ainda hoje o estado de Israel continua a quebrar regras internacionais e ignorar decisões da ONU. Sob a desculpa de combater o Hamas, age ilegalmente e bombardeia locais cheios de crianças, buscando exterminar os palestinos. Não admite que este seja seu propósito, mas é o que suas ações confirmam. E, buscando escudar-se no falso argumento de que quem critica o estado judeu é antissemita, segue a cometer genocídio.

Os EUA, cuja política externa, hipocritamente, tem na seletiva defesa dos direitos humanos um dos seus pilares, não só apoia essa brutal violência que viola direitos humanos básicos, mas a incita, pois fornece dinheiro, armas, munição e suporte diplomático! Isso, embora 60% dos norte americanos reprovem a brutalidade daquelas ações. Os crimes cometidos por Eichman foram distintos daqueles que Netanyahu e seus apoiadores, inclusive os políticos locais e de fora que lhe dão sustentação, estão a cometer, mas estes são crimes igualmente bárbaros, inumanos e covardes, pois baseados na força bruta contra pessoas indefesas, que têm morrido em quantidade muito mais elevada que os integrantes do Hamas!

Em meados do século passado, “os judeus eram concentrados em guetos (onde) … as condições de vida terríveis – excesso de pessoas, más condições sanitárias e falta de comida tinham como resultado elevada taxa de mortalidade”. Hoje, em Gaza, além dessas mesmas carências, há repetidos bombardeios, falta de remédios, de água e até mesmo de ajuda humanitária, já que o estado de Israel proíbe sua entrada. É ou não criminoso tal comportamento genocida?

É a banalidade do mal, praticada por estados que se dizem democráticos.

As evidências de que o comportamento do estado de Israel, assim como o dos EUA e aliados, apenas fará crescer mais ódios e novas guerras, são acachapantes. Ignorar tais evidências é sinal, indaga-se, de que somos governados pelo complexo industrial-militar-financeiro-propagandista-consumista, que mata e destrói as condições de sobrevivência em prol de lucros maiores?

Quando midiaticamente julgado em Jerusalém, Eichmann alegou não ser culpado, pois apenas obedecia a ordens. Netanyahu, quando, eventualmente julgado num tribunal internacional, fato infelizmente pouco provável, repetirá o argumento daquele que ajudou a matar milhões de judeus?

Embora primeiro-ministro, sabemos que os governantes, apesar de seus discursos, estão sempre a serviço de alguém, e só quem ganha – e o faz temporariamente, não por longo prazo – com a situação atual é exatamente aquele complexo, vale repetir, industrial-militar-financeiro-propagandista-consumista, cuja desarticulação é essencial à sobrevivência de todos nós!

 

Eduardo Fernandez Silva, mestre em Economia, ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

 

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