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Mudança climática, defesa e soberania (por Felipe Sampaio)

Vazou um comentário interno da Casa Branca sobre a inclusão da negligência ambiental alheia como critério para suas incursões militares

atualizado

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Victor Moriyama/Getty Images
Floresta amazonica incendio desmatamento crime
1 de 1 Floresta amazonica incendio desmatamento crime - Foto: Victor Moriyama/Getty Images

Pela primeira vez na queda-de-braço internacional, os países juntam os temas de Defesa e meio ambiente nos seus planos militares.

No passado, desastres naturais já causaram conflito e insurreição. Contudo, agora a mudança climática se oferece como marco delineador do mapa mundi e dos acordos multilaterais com escala e rapidez surpreendentes.

Eventos recentes mostram que é irreversível que as grandes potências levem em conta nas suas decisões militares o desempenho de outros países na pasta ambiental, especialmente quando o risco para a vida e a economia ultrapassar as fronteiras.

Um dia desses, vazou um comentário interno da Casa Branca sobre a inclusão da negligência ambiental alheia como critério para suas incursões militares (antes, Biden já propusera incluir a mudança climática no caderninho do Conselho de Segurança da ONU).

Por sua vez, a carta final da XV Conferência de Ministros de Defesa das Américas inclui um capítulo acerca das responsabilidades da Defesa com a questão ambiental e seus efeitos.

Esse cenário ganha grau de urgência com a nova guerra na Europa, ameaçando a cadeia mundial de produção e distribuição de alimentos e os suados avanços iniciais da descarbonização do planeta.

Nas palavras de Sergio Etchegoyen, ex-ministro do GSI, “o Brasil ainda tem assento no debate internacional, mas sua influência dependerá de ter feito o dever de casa na questão ambiental”.

Na mesma direção, o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann alerta que “daqui em diante, a discussão sobre meio ambiente só será efetiva quando considerar o tema da soberania e vice-versa”.

É nesse momento que Etchegoyen e Jungmann unem-se a Marcelo Furtado, ex-Greenpeace, e lançam o Centro Soberania e Clima, justamente para promover o diálogo construtivo entre as comunidades de Defesa e ambientalista, em torno dos temas da soberania nacional e da mudança climática.

O ineditismo do projeto tem atraído apoios com o quilate de Ana Toni, Armínio Fraga, Guilherme e Pedro Passos, José Roberto Marinho, Neca Setúbal, Teresa Bracher e Walfrido Warde, incluindo institutos como o Humanize, o Semeia, Clima & Sociedade, IREE e National Endowment for Democracy.

A sociedade civil largou na dianteira pela retomada do rumo e da credibilidade do Brasil na agenda global do futuro. Caberá aos novos ocupantes do Executivo e do Legislativo fazerem a sua parte.

 

Felipe Sampaio – ex-assessor especial dos ministros da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018); foi secretário executivo de Segurança Urbana do Recife; colabora com o Centro Soberania e Clima.

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