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Moro, Dallagnol e Rosângela: a Lava Jato nas urnas (por Vitor Hugo)

Uma coisa é certa: a bandeira do combate à corrupção não ficou no lixo da historia

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No voo cego das pesquisas eleitorais (do IPEC e Datafolha, sobretudo), as vitórias domingo, 2, do ex-juiz Sérgio Moro (eleito senador pelo Paraná); do ex- procurador federal, Deltan Dallagnol (um dos deputados mais votados dos paranaenses); além da advogada Mariângela Wolff Moro (esposa do ex-magistrado condutor da operação Lava Jato, eleita deputada por São Pauto), resumem em si, episódios políticos e eleitorais relevantes da votação no primeiro turno que apontam para conseqüências na segunda e decisiva etapa, em particular no acirrado confronto presidencial Luís Inácio Lula da Silva (PT) x Jair Bolsonaro (PL) no dia 30 que vem. Refiro-me a dados submersos, escondidos (ou sonegados?) do conhecimento público, até que abertas e apuradas as urnas eletrônicas – mais uma vez, motivo de orgulho nacional – divulgaram a verdade aos brasileiros e ao mundo.

Os nomes dos três eleitos, citados antes, foram solene e estranhamente ignorados. E isso deve ser apurado, – nesses casos específicos e em vários outros, noticiados na imprensa e no Congresso (onde já se fala em CPI para apontar as razões de tantos erros crassos e grosseiros, fora da rota dos compromissos objetivos e científicos com a exatidão dos dados, sobretudo por dois dos principais e mais acreditados centros de pesquisas de intenção de votos do País – o IPEC e da Datafolha -, na fase mais aguda da campanha em seu primeiro turno. Motivo, ainda, de prejuízos específicos sérios a candidatos e partidos, apontados na imprensa – nacional e estrangeira – e também de graves arranhões à credibilidade desses institutos, avessos a autocríticas.

Cria-se, desta maneira, uma área turva e danosa. Espécie de ponto cego, que, no primeiro turno, impediu ou dificultou ao cidadão eleitor, à mídia independente e aos analistas, em geral, de detectar, objetivamente, um fenômeno relevante (política e jornalisticamente falando), dessas eleições de 2022: o ressurgimento, na urnas, do apelo anti-corrupção, ligado a candidatos representantes e defensores da maior operação de combate a corruptos e corruptores no Brasil e na América Latina. Ou, para usar a expressão do deputado Deltan Dallagnoll, eleito pelo Podemos (PR), em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, esta semana “A Lava Jato renasce das cinzas, como uma Fénix;. Precisa desenhar?

E não param por aí, no imediatismo desses casos – repita-se a bem de “Sua Excelência o Fato”, da sentença lapidar do estadista francês, Charles de Gaulle, que o notável parlamentar brasileiro, Ulysses Guimarães sempre repetia – as declarações públicas, esta semana, de Sérgio Moro, da cônjuge Rosângela, e de Deltan Dallagnol, vitoriosos na defesa das bandeiras anti- corrupção, sequiosos de cobrar ofensas que receberam na primeira fase da campanha , que os davam ( e à Lava Jato) como mortos e sepultados–, de que apoiarão o presidente Bolsonaro, no embate contra o ex – Lula, no segundo turno. Projetam-se, “pelo andar da carruagem”, consequência e repercussão nacional, ainda impossíveis de avaliar, no turno eleitoral decisivo.

Deve seguir tremulando nas mãos, palavras e ações desses nomes referenciais da Lava Jato, agora na política de fato, com batismos das urnas, apesar das pesquisas. O resto a conferir.

 

Vitor Hugo Soares, jornalista, é editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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