Monstros e fantasmas (por Mirian Guaraciaba)
Faltam 446 dias para nos livrarmos desse encosto
atualizado
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Alguns otimistas imaginam que o governo Bolsonaro acabou. Desgraçadamente, não é verdade. A crescente impopularidade parece estimular seu implacável projeto de destruição do País. Semana passada, o Capitão pôs abaixo a área de pesquisa, ciência e tecnologia.
Não foi corte. Amputação orçamentária. Tão profunda que o servil ministro Marcos Pontes ousou criticar o ato essencialmente bolsonarista. Até que peça para sair, Pontes esperneia pelas redes sociais. Entendeu, finalmente, sua insignificância. Pode fechar para balanço.
Do magro orçamento de R$ 690 milhões – restou a cifra de R$ 89 milhões. Cientistas e pesquisadores, penalizados por um governo predador, vêm agora ameaçadas centenas de pesquisas em andamento. Bolsonaro não cansa de arruinar tentativas de recuperação de áreas vitais para o País.
E nada será mais dramático do que o enfrentamento da miséria que voltou a indignar os brasileiros. O governo genocida exibe os piores indicadores sociais e econômicos das ultimas décadas, herança maldita de um capitão defenestrado pelo Exército, em 1988, por planejar atentados terroristas. O monstro da inflação, a maior dos últimos 30 anos, associado ao desemprego, trouxe de volta a fome e a indigência.
Mais de 600 mil mortos na pior pandemia desde a gripe espanhola não constrangeram Bolsonaro. Pelo seu roteiro, muita gente ia morrer mesmo. A pobreza menstrual também não incomoda o Capitão. Vai tirar da Educação ou da Saúde, como ele diz, para comprar absorventes. Traduzindo sua estupidez: vai tirar dos pobres e dar para os miseráveis.
Entre os fantasmas do Presidente da Republica não há um faminto, um pobre, um doente, um desempregado, um artista, um professor, um profissional de saúde. Assombrando está o presságio da derrota em 2022, o fantasma da rejeição. O monstro que cresce a sua volta não é só o da inflação, é o da certeza de que perdeu milhões de votos que um dia foram seus – mais de 60% do eleitorado brasileiro não votará nele em qualquer circunstancia.
Mirian Guaraciaba é jornalista