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Milei e a Argentina (por Ricardo Guedes) 

Na popularidade, a avaliação negativa em cerca de 48% superou a positiva em cerca de 43%

atualizado

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Javier Milei canta durante lançamento de livro - Metrópoles
1 de 1 Javier Milei canta durante lançamento de livro - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Getty Images

O destino político de Milei na Argentina provavelmente será o mesmo de Bolsonaro. Deverá perder as próximas eleições presidenciais. Um governante não vive somente do discurso de radicalização contra as elites, sempre não cumpridas. Tem que fazer algo que resulte em benefícios para a população.

Na popularidade, a avaliação negativa em cerca de 48% superou a positiva em cerca de 43% em outubro deste ano. Na economia, o FMI atualizou a estimativa do PIB Argentino para 2024 com decréscimo de -3,5% em moeda nacional. Devido à variação do câmbio de -19% em 2024 até o momento, o baque em dólares correntes será muito maior, perdendo o valor relativo dentre os PIBs mundiais. E a população que vive abaixo da linha de pobreza chegou a 16 milhões de pessoas nos primeiros seis meses de governo, em um aumento de 3,4 milhões de pessoas.

Há uma diferença entre Milei, Bolsonaro e Trump, entretanto, para ficar somente deste lado do mundo de cá, em relação a concepções sobre a economia e sociedade. Segundo Edson Nunes, Ph.D. em Ciências Políticas por Berkeley e ex-Presidente do IBGE, exímio observador da política e dos fenômenos sociais, Milei acredita que do “caos” surgirá o “homem econômico”, de Adam Smith, ou o homem em seu “estado natural”, com a propensa tendência de “barganhar e trocar uma coisa pela outra”. Milei tenta suprimir, então, as instituições “Peronistas”, na esperança que do “caos” surja a “bonança”.

Mas, como Edson Nunes cita em brilhante postagem no Facebook, por aqui dominam as “Organizações Tabajara”, à “destra”, e à “sinistra”, que a tudo abafa e a nada deixa desenvolver. Ou, como diz Stinchcombe, o “mercado” sempre existe, dentro dos “limites culturais” de cada povo e país. E, adicionando o que diz Philippe Schmitter, o Brasil, e outros países da America Latina, são casos extremos de sucesso de controle da economia e da política pelas elites.

Milei, “El loco”, caminha célere para a derrocada.

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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