Michelle e Dirceu: agendas submersas de Bolsonaro e Lula (Vitor Hugo)
A cortina de fumaça que encobre, há tempo, as estradas por onde trafegam os dois personagens tidos como indispensáveis
atualizado
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Duas questões instigantes e incômodas ao mesmo tempo, em seus respectivos espaços e contextos políticos, começam a virar segredo de polichinelo, desde que, com freqüência cada vez maior, se lê e se especula nas redes sociais, jornais ou em blogs e sites de altos índices de visualizações e leitura: “Por onde anda e o que faz a primeira dama Michelle Bolsonaro, em movimentos discretos mas incessantes, neste período de pré-campanha do atual dono do poder, Jair Bolsonaro, para renovar seu mandato no Palácio do Planalto?”, eis a primeira pergunta. A segunda é parecida: “O que faz e com quem conversa atualmente o ex-ministro Zé Dirceu (PT) – destacado articulador dos acordos e “arranjos” (no dizer dos pe tistas baianos) na disputa vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002?”. Aos poucos faz-se luz sobre estas e outras interrogações.
A cortina de fumaça que encobre, há tempo, as estradas por onde trafegam os dois personagens, tidos como indispensáveis em suas respectivas áreas de atuação (Dirceu para Lula, PT, e Michelle para o marido, PL), se dissolve, expondo as agendas submersas de ambos. Já é possível afirmar que não faltam atividades para esses coadjuvantes de luxo, polêmicos e causadores de explosivos casos de ciúmes e falatórios internos de cada lado, dos dois candidatos à frente nas pesquisas. No caso da primeira dama, sabe-se, desde o começo deste governo, da sua proximidade e interação (sedimentada durante o internamento hospitalar de Bolsonaro, depois da facada que recebeu em Juiz de Fora (MG) na campanha passada), além da confiança pesso al no enteado Carlos, filho 02 de Bolsonaro ; condutor da campanha do pai nas redes sociais.
Laços tornados públicos mais de uma vez em falas de Michelle. Menos conhecidas são as agendas sigilosas que a primeira dama cumpre, em viagens na companhia da ex-ministra da Mulher, Damares Alves, a exemplo dos atos realizados em Feira de Santana e Salvador, com participação de líderes evangélicos, para citar apenas o exemplo da Bahia, onde Michelle tenta quebrar a resistência ao nome do marido, reveladas nas pesquisas no Nordeste.
Recentemente filiou-se ao PL, para facilitar sua atuação na campanha pelo País. Foi anunciada como a “estrela feminina das inserções de propaganda do PL na TV e trunfo na tarefa de tentar reduzir a rejeição das mulheres ao marido”. Mas Michelle não compareceu às suas gravações, alegando diferentes motivos. Coincidentemente (ou não?), depois que o 02 lançou sua “maldição” contra o trabalho do marqueteiro do PL na campanha do pai. Isso estaria na raiz dos “ruídos familiares” entre irmãos e das desavenças entre bolsonaristas da primeira hora.Ponto.
Quanto a agenda paralela de Zé Dirceu na campanha petista daria um artigo. Por agora, diga-se apenas – até por falta de espaço – que o ex-ministro chefe da Casa Civil não pára; além de conversas com importantes personagens da política nacional – petistas ou não – discute até estratégias de atuação do candidato a vice, Geraldo Alkmim, e o impasse da candidatura de Freixo (PSB), no Rio de Janeiro. Na Bahia, Dirceu trafega livremente há 20 anos, quando coordenou a primeira campanha vitoriosa de Lula, e tem na paradisíaca praia de Guaibim, em Morro de São Paulo, seu local preferido de “repouso do guerreiro”, no dizer de seus companheiros baianos. Um deles, o senador e ex-governador Jaques Wagner, um dos principais coordenadores nacionais da campanha de Lula.Precisa desenhar?
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-maiil: vitors.h@uol.com.br