Lula (PT) de salto alto: Bolsonaro e Moro apertam (por Vitor Hugo)
A aprovação espontânea de Lula bateu no teto
atualizado
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À medida que se aproxima o dia 10, do ato que se antecipa feérico, de filiação do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro ao Podemos (no emblemático Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília), e o mandatário do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, volta da Itália com a bagagem repleta de registros políticos e policiais, de arruaças e agressões à imprensa e mal estar na passagem pela reunião do G-20 – incluindo desastrada pisadela no pé da primeira ministra da Alemanha, Ângela Merkel, no jantar da cúpula dos grandes países, em Roma – o presidente também cataloga os estragos que produziu na imagem do ex-colega, Luis Inácio Lula da Silva (PT), a quem acusou, em polêmica e ruidosa entrevista a um canal de TV, na capital italiana, de estar vinculado com o narcotráfico no Brasil.
Estrago de monta, é óbvio, tratando-se de acusação feita por alguém na condição oficial de chefe de Estado. Mesmo, no caso, de contumaz misógino e boateiro, cercado de especialistas na produção de “fake news” em seu país. Alguns já presos, outros investigados e boa parte tendo a PF e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no encalço. Tudo isso, diga-se, somado à sinais, nas pesquisas recentes, de que a aprovação espontânea de Lula bateu no teto e chegou a hora do líder e fundador do Partido dos Trabalhadores – e seus militantes e linhas auxiliares – descerem do salto dos sapatos Luiz XV, (com que o líder tem rodado por praias do Nordeste, ou em arranjos políticos de bastidores), e começar a “comer poeira,” na disputa de votos para reaver o posto maior de mando no país, ano que vem. Do Estadão partiu o alerta, na constatação de observadores experientes e aliados de peso, de que “a zona de conforto de Lula pode estar chegando ao fim”.
O diário paulista destaca, por exemplo: nos últimos meses, questões delicadas e espinhosas – do tipo corrupção nos governos petistas, repressão em Cuba, machismo e intolerância da esquerda, “passaram a figurar na agenda política e seguem sem resposta”. No caso da corrupção, é possível que Lula e os petistas – refratários a qualquer proposta de autocrítica – prefiram acreditar na avaliação do ex-ministro da Economia do “milagre brasileiro”, nos anos da ditadura, Delfim Neto, de que “o povo brasileiro já esqueceu” (do Petrolão e da Lava Jato). O Estadão assinala, ainda, que a conjuntura difícil “também faz crescer dúvidas quanto a política econômica do PT, até agora repleta de platitudes populistas”. Tudo somado indica que o “crescimento inercial ” da pré-candidatura de Lula pode ter chegado ao fim”. Por enquanto, o que há de concreto é a estagnação do candidato. E ocupação, pelos flancos, dos espaços vazios na “esquerda” e na “direita”.
A prova disso é a entrada vibrante, no Podemos – com slogan da campanha e tudo – do ex- juiz condutor da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, com planos e olhos fixos nas urnas das presidenciais de 2022. Seja como for, ainda demora um pouco para Lula sair e pedir votos nos palanques do Brasil profundo, sem a “muleta do Bolsa Família”, agora com o nome fantasia de “Auxílio Brasil” nas mãos do “mito”. Antes, Lula fará périplo de 10 dias pela Europa, acompanhado do ex-chanceler de seu governo, Celso Amorim. Vai a Paris, Roma, Bruxelas e Madrid, discutir política internacional e tentar desfazer estragos à sua imagem, causados pela destrutiva passagem de Bolsonaro pela cúpula do G20. O resto a ver.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br