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Lula e Bolsonaro têm algo em comum (por Felipe Sampaio)

A segunda semelhança entre Lula e Bolsonaro é a displicência política e fiscal com que se associam às siglas partidárias mais volúveis

atualizado

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Bolsonaro e Lula
1 de 1 Bolsonaro e Lula - Foto: Arte/Metrópoles

Apesar da profunda disparidade de pensamento sobre sociedade e democracia, cabe considerar duas semelhanças (sutis, mas relevantes) nos modos de governar de Bolsonaro e Lula.

Por um lado, ambos adotam uma atitude que esfria, intencionalmente ou não, o ativismo de suas próprias bases eleitorais de origem, ao trazê-las para dentro do governo.

Por outro, ao se renderem à ‘velha política’ que prometiam combater, acabam perdendo o controle do Planalto.

Ao absorverem suas militâncias, desmobilizam o mundo não-governamental e as carreiras de Estado, que são responsáveis pela proposição de políticas e pela crítica construtiva.

Nesse ponto, Lula e Bolsonaro exageram em nomear ou contratar as organizações e as personalidades que haviam ocupado as ruas, a internet e a imprensa em seu favor na esperança de transformações.

Lula agiu assim com as entidades e lideranças urbanas ou rurais, fossem laicas ou religiosas, do mundo ambiental ao cultural, ongs, servidores e intelectuais.

Ouviu-se na Esplanada que os movimentos sociais não seriam mais necessários, porque haviam chegado ao poder. Com isso, a ‘opinião pública organizada’ perdeu o pique por duas décadas.

Bolsonaro fez o mesmo com as forças que o elegeram. Deu tantos cargos e recursos ao pessoal da Defesa e Segurança Pública, evangélicos, segmentos de comunicação e entretenimento, que eles nem notaram que seu voto foi trocado pelo seu silêncio.

Com isso, Bolsonaro arranhou a credibilidade e a independência das forças armadas, polícias estaduais, PF, IBAMA, PRF, FUNAI, INCRA, igrejas, artistas e parte da mídia.

A segunda semelhança entre Lula e Bolsonaro é a displicência política e fiscal com que se associam às siglas partidárias mais volúveis, ao ponto de verem seus governos (fatiados) se tornarem reféns da infidelidade.

Nesse aspecto, não aprenderam com Fernando Henrique, ACM e Arraes (você pode se aliar a quem quiser, desde que você comande).

Foi assim que Lula teve sua sucessora impedida por tais aliados, que assumiram seu lugar. Por sua vez, Bolsonaro não governa mais, paralisado por uma gastança eleitoreira sem igual, caminhando para também perder a Faixa.

Em 2022, os(as) candidatos(as) precisarão mostrar capacidade e vontade de manter o leme do seu governo e restabelecer o diálogo orgânico e sistemático com a sociedade.

Nesse páreo, Bolsonaro corre justamente na direção oposta e Lula tem dificuldades em dar ouvidos à ala progressista do PT. Enquanto isso, Ciro continua mais à vontade falando do que escutando. Simone Tebet tem a chance de, se quiser, fazer a diferença.

 

Felipe Sampaio, membro do Centro Soberania e Clima; ex-secretário executivo de Segurança Urbana do Recife; foi assessor especial dos ministros da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018).

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