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Geopolítica digital made in China (por Felipe Sampaio)

A nova versão da DeepSeek muda a geopolítica de poder da I.A.

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IA pode ser a Pessoa do Ano da Time em 2024 - APOSTAS
1 de 1 IA pode ser a Pessoa do Ano da Time em 2024 - APOSTAS - Foto: iStock

Não foi à toa que, enquanto o presidente Donald Trump festejava sua posse, a China surpreendeu o mundo com sua nova plataforma de Inteligência Artificial, DeepSeek. Foi-se o tempo em que os países exibiam sua musculatura por meio de testes atômicos ou manobras militares. A novidade nos arsenais da geopolítica do futuro é a I.A.

Talvez por isso, dessa vez Trump adotou um discurso mais brando contra seus oponentes chineses do que no seu mandato anterior. Preferiu apontar suas bravatas para o México, o Canadá, a Europa e a cambaleante ONU. O Tio Sam nunca foi de fraquejar diante das forças orientais, mas parece hesitante diante da DeepSeek, uma inteligência artificial muito mais avançada do que aquelas criadas nos EUA e na Europa. Para entender melhor esse poder da concorrente chinesa, arrisquei consultar diretamente as opiniões das maiores interessadas no assunto – as próprias I.A. americanas.

Primeiro perguntei à I.A. do Whatsapp o que ela acha da DeepSeek. A resposta foi cautelosa: “… a DeepSeek é um exemplo impressionante de como a I.A. pode ser usada… Sou um modelo de linguagem mais antigo e posso ter limitações em relação à DeepSeek. Por exemplo, a DeepSeek pode ter uma capacidade maior de entender contextos complexos e gerar respostas mais precisas”.

Procurando uma segunda opinião, perguntei ao ChatGPT se a DeepSeek é mais poderosa do que ele. Sua resposta foi elegante: “… a DeepSeek pode ser mais avançada em aprendizado de padrões… é uma ferramenta especializada em análise de dados, buscando insights mais profundos em grandes volumes de informações”. Resumindo, até as I.A. americanas reconhecem o poderio da adversária chinesa.

Contudo, apesar das capacidades dessas ferramentas de inteligência artificial, ainda é indispensável dispormos da opinião de uma boa inteligência natural. Nesse caso, ninguém melhor do que o cientista Silvio Meira, fundador do Porto Digital em Recife (Folha de São Paulo, 03/02/25).

Segundo ele, a DeepSeek é inegavelmente revolucionária e, na verdade, a ferramenta já existia. O que aconteceu agora foi o lançamento inesperado da sua versão turbinada chamada V-3R. Nas palavras do cientista “a nova versão da DeepSeek muda a geopolítica de poder da I.A. de uma vez por todas”. Contudo, isso não significa que a I.A. chinesa vá subjugar a humanidade como ocorre em Matrix, ou em 2001 Uma Odisseia no Espaço.

Ao invés disso, Silvio Meira prefere chamar a nossa atenção para o impacto econômico que a DeepSeek vai causar no mercado hoje dominado pelas americanas OpenAI, Google e Meta. “No final desta década, a I.A. vai agregar ao PIB global, por ano, o equivalente ao PIB do Brasil (mais de US$ 2 trilhões)”. Isso representa um faturamento colossal escapando entre os dedos ianques justamente quando Trump procura mostrar serviço como guardião dos interesses dos ultracapitalistas que o elegeram e agora compõem seu ministério. Para completar, quando Trump resolveu impor tarifas de 10% aos importados chineses, a China revidou não apenas com tarifas de 5%, mas também abrindo uma investigação contra o Google.

Trump inaugurou seu primeiro mandato despejando bombas descomunais na Síria e no Afeganistão para mostrar a que veio. Agora corre o risco de ver explodir em seu colo um artefato digital devastador. Trump é acostumado a ganhar e perder nos negócios, sempre jogando no limite do risco, alternando entre o blefe e a agressividade. Resta saber se, no caso da China, ele vai pagar para ver ou vai esperar o jogo esfriar.

 

Felipe Sampaio: cofundador do Centro Soberania e Clima; atuou em grandes empresas e no terceiro setor; chefiou a assessoria do ministro da Defesa; foi secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife; dirigiu o sistema de estatísticas no ministério da Justiça; é chefe de gabinete da secretaria-executiva no Ministério do Empreendedorismo.

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