Furo da CNN: abalos no Planalto, Congresso e Quartéis (por Vitor Hugo)
O inesperado veio com a relevante reportagem da CNN
atualizado
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De repente, não mais que de repente – para citar Vinícius de Moraes –, espetacular feito de jornalismo investigativo da CNN, de fazer desabar general, como há muito não se via na imprensa nacional, traz à tona o retrato sem retoques do país dividido, marcado por contrastes e confrontos não resolvidos – políticos, econômicos, sociais, militares e educacionais, entre outros, – que estavam submersos na trégua não declarada, mas tácita e de praxe nos 100 primeiros dias do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e explodiram com impacto inesperado, nesta semana de abril.
No caminho de volta, o presidente pediu a convocação de uma reunião de emergência e “agenda positiva”, na terça-feira, para discutir e tomar medidas práticas, factíveis e urgentes, diante da repetição de casos de ataques e atos violentos nas escolas brasileiras, além de situações surreais, mas de gravidade evidente. A exemplo do escolar de 10 anos, em Salvador, apanhado pela mãe com uma serra de cortar pão, dentro da merendeira, que justificou ter recebido orientação, nas redes sociais, para usar a faca se tiver assalto em sua escola”. O fato, levado ao ar na Rádio Metrópole, em um debate com educadores, no programa “Revele” repercutiu intensamente nas famílias de classe média e nos colégios. A ponto de levantar protestos no centro histórico da capital baiana e em bairros periféricos, pedindo providências ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), ex-secretário estadual de Educação, um dos piores avaliados, do país, enquanto esteve no cargo.
Nesta reunião com Lula, governadores estaduais, juristas do porte do ministro Alexandre de Moraes e especialistas em ensino e segurança armada, ( um dos temas do encontro), mas prática que nunca deram certo no Brasil, pelo menos desde o golpe de 64.Muito menos daria certo agora – ouso dizer – neste estado febril de contrastes e confrontos políticos e ideológicos, que persiste e se acentua, como demonstram fatos explosivos de quarta-feira, 19 de abril, Dia do Exército, tipo a quase via de fatos, na Câmara, entre o deputado Eduardo Bolsonaro e o colega Marcon, do PT, que pôs em dúvida no Plenário, de forma grosseira e irresponsável, a facada levada pelo ex- presidente Jair Bolsonaro, na campanha de 2018, sem provas ou dados novos. Ataque provocativo e reação insana, impróprios, tratando-se de parlamentares que devem respeito e acatamento ao decoro e ética que, perigosamente, começam a escorrer pelo ralo no Congresso.
Enfim, uma quarta-feira para ficar na história do país em geral e da imprensa em particular. No Dia do Exército, de cargas de eletricidade em alta tensão circulando desde cedo, o inesperado veio com o relevante furo de reportagem da CNN, na divulgação de imagens inéditas de predadores do palácio presidencial em interação com agentes do GSI, responsáveis pela segurança (para dizer o mínimo), que levaram à queda do general, Gonçalves Dias (omisso diante dos invasores), chefe do GSI, no primeiro baque no primeiro escalão do terceiro mandato de Lula. Trabalho de investigação jornalística, de imagens e de comportamentos (inclusive de agentes do governo), da CNN e do repórter Leandro Magalhães, no f ato do ano, no jornalismo, até aqui, que reacende a idéia da CPI mista do Congresso sobre o 8/1. Viva. O resto a ver.
Vitor Hugo Soares é jornalista editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br