Felicidade.com (por Tânia Fusco)
O Brasil subiu 5 pontos no ranking. Hoje, é o 44º em felicidade
atualizado
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Leo é feliz como dá. Ri da própria desgraça de desempregado, cheio de cursos – dois superiores, alguns de especialização, um mestrado e um doutorado na área das ciências humanas.
Leo vive na casa dos pais. Tem uma espécie de mesada que recebe como adiantamento de herança. Sabe que as duas irmãs debocham da situação dele pelas costas. “Quase 40 e mamando na mamãe”.
Liza insiste que é infeliz desde que se separou do derradeiro ma
“Fui rejeitada. E isso não se apaga assim”, declara invariavelmente, taça em posição de brinde, nos fins de festas.
Ninguém leva a infelicidade de Liza a sério. Ela vive bem. Tem emprego, salário, carro, casa, viagens e diversões. Falta o Mario? Ah vá! Há outros por ai…
O que faz feliz ou não um humano-gente?
A Finlândia é o país mais feliz do mundo. Aponta o Relatório Mundial sobre a Felicidade, de 2024, publicado pela ONU, que avalia a felicidade em 140 países do mundo, a cada ano.
A felicidade bate ponto nos países nórdicos. A campeã Finlândia é seguida pela Dinamarca, Islândia, Suécia e Noruega. Todos mantendo a mesma posição de anos anteriores. Todos com altos índices de desenvolvimento social e garantias de um futuro sem grandes sustos, grandes mudanças para pior na condição de vida da população, principalmente.
Pela primeira vez o relatório analisou dados sobre a felicidade em distintas faixas etárias. Aí houve surpresas. A Lituânia, 19ª no ranking geral da felicidade 2024, foi pra primeiro lugar. Com os jovens de até 30 anos mais felizes do mundo. O que os faz tão felizes? Saberemos, com detalhes, em 2025.
De maneira geral, os jovens são mais infelizes onde estão mais conectados nas redes sociais. O que não acontece na Lituânia, por exemplo. As redes causam ansiedade e também sentimentos de estagnação. “Só na minha vida não acontece nada!” Os\as de mais de 60 andam mais felizes. Não são as redes sociais seu maior ponto de conexão com a vida.
O Brasil subiu 5 pontos no ranking. Hoje, é o 44º em felicidade.
Estreantes na contagem da felicidade,Costa Rica (12º) e o Kwait (13º)aparecem bem à frente dos Estados Unidos na medida da felicidade. Os norte-americanos caíram do 15º para o 23º lugar. A coisa não está boa para Mister Biden. E são os jovens que puxam pra baixo o sentimento americano de, no momento, ser menos feliz do que já foi.
O mesmo acontece no Brasil, que cai do 44º para o 60º quando consideramos a felicidade dos jovens de abaixo dos 30. E sobe para o 37º lugar entre os acima dos 60.
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Mais do que o sufoco da geração de Leo, que tem estudo, mas não encontra trabalho, dos “Nem, nem” que, mundo afora, não têm estudo, nem trabalho, ou a ausência do Mario na vida da Liza, o que faz os jovens infelizes são as dúvidas sobre o futuro, que geram medo e insegurança.
Os jovens hoje são atormentados por muitas incertezas – desde a violência espalhada nos quatro cantos do mundo até a decadência social que alcança países antes mais estáveis nessa área, como os Estados Unidos.
A desigualdade social e a falta de oportunidades que ela acarreta, além da falta de liberdade, são grandes tormentos do mundo atual a castigar os jovens.
Não é por nada que Afeganistão segue sendo o país mais infeliz do mundo.
O temor de que a vida possa piorar e a possibilidade de que não consiga alcançar o que deseja – e que (uns poucos) exibem, como tentação, na Internet – joga pra baixo o sentimento de felicidade dos/das de menos de 30.
Os/as de mais de 60, ao contrário, parece, têm a leveza da sensação de estar cumprindo a vida, com decência e até louvor. Afinal, houve esforço real desses/essas para fazer um mundo melhor. Quase conseguimos?
PS.: Nós mulheres temos trabalhado melhor para mudar o mundo. Enquanto os homens nem os ternos conseguiram abolir. Em 2024, seguem machistas, engravatados, presos em ternos, sapato e meia, num mundo com calor de 50 graus. Dá pra ser feliz?
PS 2.: Sem Neymar, foi-se a zica da seleção. Ufa! Agora só falta azular a camisa verde e amarela.
Tânia Fusco é jornalista