Fake words (por Eduardo Fernandez Silva)
Regular a divulgação de falsidades é necessário, mas toda regulação é falha e carece de frequente atualização
atualizado
Compartilhar notícia
Estamos submetidos a tantas e tão danosas Fake News (notícias falsas) que é bom pensar também nas Fake Words (palavras falsas); ambas nos enganam e, pois, não deveriam existir. Mas existem, e espalhá-las deveria merecer punição. Há, ainda, o que podemos designar com um pleonasmo: as Fake Illusions (falsas ilusões), pleonasmo porque ilusões, por definição, são falsas! Todas essas falsidades nos enganam e induzem a comportamentos pessoal e socialmente destrutivos e, pois, devem ser banidas. O problema é que ainda não se conhece a maneira ideal de identificá-las e eliminá-las, exceto educação, muita educação, capacidade de pensar criticamente e acesso a variadas fontes de informação. Regular a divulgação de falsidades é necessário, mas toda regulação é falha e carece de frequente atualização, assim como os métodos policiais precisam evoluir para enfrentar as novidades dos criminosos!
Uma fake word muito usada é “produzir”. Claro, quando se diz produzir um sapato, arroz, uma refeição ou camisa, de fato se está produzindo, não é fake. Mas quando se fala, como fazem a Petrobrás e a Vale, entre outros, em “produzir” petróleo ou minério de ferro, temos aí uma fake word, pois elas apenas extraem, jamais “produziram” ferro ou gás! Alguns tentarão justificar esse uso dizendo “é o jargão da indústria”! Assim fazendo, atestam que as indústrias nos enganam!!
Muitas outras indústrias usam fake words e apelam às fake illusions, como a automobilística, de refrigerantes e da moda. A publicidade mostra um carro enorme, cujo tamanho é um desperdício, passeando a altas velocidades em locais lindos, ou em cidades sem outros veículos, fazendo manobras arriscadas, e “vendendo” felicidade, como aquela que se diz conquistar ao abrir um certo refrigerante!! Ilusões, ilusões e mais ilusões e, em busca delas, comprometimento da renda pessoal, do clima, da biosfera e, por consequência, da nossa própria vida!
Mas, dizem-nos, devemos manter o rumo, pois ao final alcançaremos o “desenvolvimento”, palavra esta que passou a ser mais uma fake word: sem objetivos claros relativos à qualidade de vida, a promessa do “desenvolvimento” é uma miragem, tal qual o inexistente oásis que o sedento vê no deserto!
Há muitas outras falsidades, entre elas a falsa fé, que muitos dizem professar e, buscam, em essência, enganar fiéis, tirar-lhes o dinheiro. Nisso, assemelham-se àquelas indústrias que divulgam notícias falsas, palavras falsas e falsas ilusões, assim como economistas que prometem o “desenvolvimento” sem que se saiba, com precisão, qual o sentido da palavra!
Evitar essas falsidades, assim como promessas vãs, é fundamental para se alcançar o essencial: a melhoria da qualidade de vida dos 60% mais pobres e o fim da degradação ambiental!!
Fácil não é, mas é possível, necessário e urgente!!! Para tal, a educação é fundamental, e a regulação pode ajudar. Vejamos a qualidade da contribuição que o Legislativo e o Executivo darão, quando o PL das fake News se transformar em norma vigente e respeitada!!
Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados