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Estamos em estado de “pré-guerra”? (Por David Pontes)

A Europa, que em paz foi abandonando o serviço militar obrigatório, está obrigada a repensar as suas forças de defesa

atualizado

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Sean Gallup/Getty Images
Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros, mas números de libertos divergem
1 de 1 Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros, mas números de libertos divergem - Foto: Sean Gallup/Getty Images

A sociedade como um todo tem de o fazer. Os suecos viram primeiro. Quanto mais perto da linha da frente, menores são as dúvidas. As ameaças do regime russo não começaram ontem e continuam a obrigar a profundas alterações. O país que pôs fim a 200 anos de neutralidade, tornando-se o 32.º membro da NATO no dia 7 de Março, já em 2018 tinha reintroduzido o serviço militar obrigatório. Os acontecimentos de 2014 na Ucrânia, a falta de efectivos e a incapacidade de atrair voluntários ditaram a medida na altura.

Hoje, enquanto continuam a cair mísseis junto às fronteiras da NATO, a ameaça tornou-se bem mais real, e em países como a Alemanha, a Croácia, os Países Baixos ou a Roménia, a discussão sobre o serviço militar obrigatório regressou. Do lado da Rússia, não há lugar a hesitações. Neste domingo, Vladimir Putin assinou o decreto da primeira campanha de recrutamento de 2024, que alarga a idade para os 30 anos. Cerca de 150 mil russos serão abrangidos.

A questão essencial está contida no aviso do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na sexta-feira passada: “Eu sei que parece devastador, especialmente para a geração mais jovem, mas temos de nos acostumar ao facto de que uma nova era começou: a era préguerra.” A interrogação vai crescer, sem que se vislumbre um processo de paz para a Ucrânia e quando o chapéu-de-chuva norte-americano dá sinais de se poder fechar. A Europa, que em paz foi abandonando o SMO, está obrigada a repensar as suas forças de defesa. A sociedade como um todo tem de o fazer.

Em Portugal, um estudo recente da SEDES indica que os portugueses têm vindo a evoluir na sua posição sobre o regresso do SMO. Quarenta e sete por cento defendem-no agora, quando há três anos, segundo um inquérito à população do Ministério da Defesa, só 40% tinham essa posição. Os militares nunca tiveram muitas dúvidas e têm cada vez menos, como se vê pelas afirmações deste fim-de-semana, no Expresso, dos responsáveis do Exército e da Marinha, defendendo o debate do tema. Quanto aos políticos, o Governo socialista não considerava o debate oportuno e, em campanha eleitoral, tanto o líder do PSD como o líder do PS afastaram essa possibilidade. O ministro da Defesa indicado, Nuno Melo, também não defende o SMO, a não ser que o país esteja em guerra.

E voltamos à questão levantada por Donald Tusk ou às palavras do almirante Gouveia: “Iremos viver tempos perigosos, ignorá-los não é solução.” Os suecos perceberam, em 2018 e em 2024, que por muito que doa não podermos antes falar de paz, é incontornável voltar a equacionar a nossa defesa.

(Transcrito do PÚBLICO)

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