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Assim diz o verso de John Lennon e Yoko Ono, escrito há mais de meio século (1971). Pedia o fim da guerra do Vietnam, e desejava um ano novo “sem medos”. Dizia, ainda, a “guerras acabam, se você assim quiser”. Inútil o poema? Certamente que não, embora a ganância, os pré-conceitos e o ódio estejam, ainda, vencendo a generosidade, o conhecimento, a serenidade e o equilíbrio.
A nós, economistas, é ensinado nos livros textos que as forças do mercado levam sempre a um equilíbrio. O pior é que muitos economistas, assim como não economistas, passaram a acreditar nisso, apesar de todas as evidências em contrário!
Neste planeta cada vez mais desfigurado e conflagrado, onde está o equilíbrio? Estamos presenciando a aceleração dos desastres provocados pela intervenção humana na biosfera: gases de efeito estufa, resíduos sólidos, líquidos, plásticos, venenosos, …. Continuar a degradar leva-nos, não a um equilíbrio, mas ao seu contrário, ao rompimento do relativo equilíbrio climática dos últimos 10 a 12 mil anos, com consequências dantescas. Alguém ousaria dizer que esse processo não é parte da economia?
Com a multiplicação de guerras em nossa terra – em Gaza (Israel x Palestinos), na Europa (Rússia x Ocidente), na África (Yemen, Congo, Sudão), nas Américas (Estados x pretos pobres, indígenas e outros) e em tantos outros locais, onde está o equilíbrio? Mas, dirão alguns, isso não é economia, é sociedade! E então, pode a sociedade ser diferente, ou independente da economia? Claro que não!
Mais de meio século após o lançamento da música que dá título a este texto, o sonho persiste. Infelizmente apenas como sonho, ou como um sonho que (ainda) não se tornou realidade. São muitos os pensadores que constataram a importância do sonho como impulsionador do futuro, como farol a iluminar o caminho a se trilhar e o objetivo a alcançar.
O suposto realista, que acredita nas forças de mercado levando ao equilíbrio, descarta e até ridiculariza os sonhos, constatando a realidade da violência e acreditando na inevitabilidade da sua permanência. O mesmo suposto realista acredita, também, em sonhos criados por gananciosos inventores de miragens. Por exemplo, “no futuro, todos teremos carros voadores”; “no futuro, o “desenvolvimento” dará a todos excelentes condições de vida”; “tome hormônios e, no futuro, serás como os famosos”! Inventores de futuros irrealizáveis que buscam apenas se beneficiar, enganando e prejudicando a população, como ensinou e fez Edward Bernays, sobrinho do Freud. Vejam seu livro, intitulado Propaganda.
E, de desequilíbrio em desequilíbrio, vamos todos a mais um ano novo cheio de medos, o contrário do que propunham Lennon e Yoko. Contrariando os sonhadores supostos realistas, vamos agir para construir, sim, a utopia de um mundo de paz e melhorias continuadas da qualidade de vida dos 80% de humanos que hoje “não vivem, apenas aguentam”.
Feliz Natal e que em 2025 e anos seguintes possamos tornar realidade nossos melhores sonhos de bem-estar coletivo!