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Em 2023 vai faltar dinheiro para tudo, menos para o orçamento secreto

A herança maldita de Jair

atualizado

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Cédulas de dinheiro amontoadas. Há notas de cem e de cinquenta - Metrópoles
1 de 1 Cédulas de dinheiro amontoadas. Há notas de cem e de cinquenta - Metrópoles - Foto: Pixabay/Pexels

Fiz o teste esses dias. Digitei “Bolsonaro corta verba” e o resultado assusta. Para o orçamento federal de 2023 reduções de 50% a 90%. O que há de comum nesses cortes? Atingem principalmente Educação e Saúde. Não é só o Auxilio Brasil que acaba em dezembro. O dinheiro dos programas sociais que assistem os mais pobres também.

Chega a ser coerente, para um presidente que ignorou a pandemia, reduzir em 45% os investimentos para a prevenção e controle do câncer, a segunda doença que mais mata no Brasil. Diminuiu também a verba destinada à estrutura de hospitais e ambulatórios para gestantes e bebês, dependentes químicos e portadores de transtornos mentais.

O Programa Farmácia Popular, criado em 2004 durante o primeiro governo Lula, terá um decréscimo de 60% em seus recursos para o ano que vem. A ação distribui remédios de alto custo gratuitamente. Também faltarão fraldas geriátricas, remédios para pressão, diabetes e asma. Se você não tem dinheiro, e daí? – diria o presidente.

E a Saúde carecerá de informações. Em um governo que aprecia cultivar sigilos – se for de 100 anos melhor – um apagão de dados é refresco. A verba do DataSUS despencou de 345 milhões em 2013 para 140 milhões em 2023. A verba sugerida foi de 330 milhões de reais. Em 2021, o DataSUS, recebeu R$ 136 milhões, o menor investimento da história.

O departamento é responsável pela gestão de filas para consulta, procedimentos, notificações de doenças e analisa informações cruciais para milhões de usuários, e que podem definir políticas públicas no setor.

Moradias populares? Esqueça. Quantas casas podem ser construídas com 34 milhões de reais? Esse valor representa 5% dos 665 milhões empenhados em 2021. O programa Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida, de Lula, basicamente acabou.

As ações valem mais que as palavras. Em discurso recente na ONU Bolsonaro disse que seu governo combate a violência contra as mulheres com rigor. Realidade: corte de 90% nestas ações durante sua gestão. Em 2020 foram cerca de R$ 100 milhões. Em 2022 os programas receberam 9 milhões de reais. Estão previstos para o ano que vem 17 milhões de reais.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre março de 2020 e dezembro de 2021, foram registrados mais de 100 mil casos de estupro e quase dois mil e quinhentos feminicídios. Mulheres, cuidem-se, porque não será este governo que irá assisti-las.

Mais do que problemas econômicos, esses cortes demonstram um projeto político. Muitos programas continuarão, mas com as bênçãos dos aliados do governo. Afinal, são 19 bilhões de reais garantidos para as emendas de relator, o orçamento secreto. O que não for de interesse político dos parlamentares, acabará. Bolsonaro ainda não recebeu esse carimbo, mas deveria: governa para os ricos e despreza os mais pobres.

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