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Democracia e qualidade de vida (por Eduardo Fernandez Silva)

Fortalecer a democracia é necessário, mas não há remédio simples

atualizado

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Protesto de torcedores a favor da democracia na Avenida Paulista
1 de 1 Protesto de torcedores a favor da democracia na Avenida Paulista - Foto: Twitter/Reprodução

“A vida no futuro será melhor”. Esta crença, um dos pilares do mundo moderno e da democracia, foi uma realidade por muitas décadas. Ocorre que desde 1980 ela não se realiza, gerando descrédito na democracia. As causas são amplas e as consequências, graves. Embora difícil, revertê-las é fundamental e urgente.

A questão não é apenas, nem principalmente, o baixo crescimento econômico desde então. Mais relevante é a crescente desigualdade de renda, devido a vários fatores: uma estrutura tributária (do Brasil à China, dos EUA à Rússia) em que, mais aqui menos ali, os tributos oneram os pobres e poupam os ricos; os gastos públicos beneficiam as grandes empresas e, claro, seus parlamentos são dominados por representantes dos ricos. Dadas essas estruturas, são poucas as políticas eficazes de redução das desigualdades, embora predominem nos discursos dos políticos.

É urgente mudar esses fatores para dar mais chances à democracia, mediante rápidas e perceptíveis melhoras na qualidade de vida da população.

Não se trata de fazer uma estrada e alegar que todos os habitantes das cidades por onde ela passa serão beneficiados! É comum que governantes façam tal conta, mas ela não corresponde à realidade, pois nem todos ganharão. Além do que pode haver investimentos alternativos que beneficiem pessoas diferentes, talvez mais necessitadas!

Fortalecer a democracia é necessário, mas não há remédio simples.

Para tanto, há várias propostas. Algumas, como a ideia de acabar com o sistema bipartidário em vigor em alguns locais, não se aplicam ao Brasil. Enfrentar os gigantes da tecnologia que estão a criar um “capitalismo de vigilância” é, sim, importante para nós. Construir um sentimento de cidadania compartilhada é outra sugestão, aplicável ao nosso país tão desigual! Fechar as lavanderias de dinheiro e dar plena transparência às decisões governamentais e comerciais ajudaria. Uma trégua entre grupos rivais é também necessária.

O ponto central é fazer a democracia funcionar em benefício da maioria do seu povo. Há que tornar realidade aquela crença de que nossos filhos viverão melhor que nós. E mais: embora queiramos ter, no Brasil e noutros países, o melhor sistema educacional, de saúde, de segurança e de aposentadoria do mundo, isso não é factível senão em décadas. Há que buscar melhorias expressivas, a serem vividas e reconhecidas pela maioria, e que sejam alcançáveis no prazo de um mandato.

Para fortalecermos a nossa democracia há ainda que indagar, dos vários pretendentes à Presidente, quais propostas implementarão, se eleitos, para superar tão grave problema. Problema que não aparece nas usuais pesquisas de opinião que os orientam.

 

Eduardo Fernandez Silva. Economista, ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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