metropoles.com

De Tancredo a Pablo Marçal (por Ricardo Guedes)

Há uma deterioração na qualidade dos políticos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Instagram
Selfie de dois homens de preto com público ao fundo
1 de 1 Selfie de dois homens de preto com público ao fundo - Foto: Reprodução/Instagram

Ó gente! “O que foi que aconteceu, com a música popular brasileira?”, na pergunta de Rita Lee. “Chose de loque”, como se diz na gíria.

Vamos e convenhamos. Para um país que já teve Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, como outros tantos como Ulisses Guimarães e Mário Covas, ter um Pablo Marçal disputando a Prefeitura de São Paulo, e aterrorizando os cidadãos da cidade, é algo de estarrecer.

Há uma deterioração na qualidade dos políticos a nível mundial. Anteriormente, tivemos um Franklin Roosevelt, na formulação de um paradigma e formatação de uma nação; de um Winston Churchill, na unidade da Inglaterra e derrota ao Nazismo; de um Charles De Gaulle, no emergir de uma nova França. Hoje, na política mundial, temos Trump, Orban, Bolsonaro e Milei, simbolizados, neste momento, na figura expoente de Pablo Marçal.

Os motivos do Fascismo são bem conhecidos, nos trabalhos de Hannah Arendt, De Felice e George Mosse. Em sociedades onde a classe média declina, com a diminuição da representatividade das lideranças tradicionais, surgem os salvadores da pátria, que grassam sobre a ignorância, no extremismo do poder pelo poder. Por que Pablo Marçal e Bolsonaro não se entendem? Porque o Fascismo não tem ideologia, não é um grupo, é o personalismo pelo poder. Assim, quem sobe, ou quem está na iminência de subir, elimina os seus opositores, e mesmo os supostos amigos, porque o que importa não é poder de um grupo, mas quem manda e do que a usufruir, sobre a imbecilidade reinante. Hoje, a baixaria impera nos debates eleitorais no país, como nunca se viu antes. O fake é a norma. O episódio protagonizado por Datena e Marçal é um dos mais lamentáveis da história dos debates políticos da TV brasileira, o escárnio dos troféus.

Mas a sociedade Paulista pode se acalmar. Dificilmente Pablo Marçal se elegerá. As pesquisas eleitorais, de uma maneira geral, devem ser analisadas segundo quatro indicadores: o voto espontâneo, o voto estimulado, a rejeição individual, e a aprovação do governante, se concorrendo. Hoje, no voto estimulado, Nunes, Boulos e Marçal estão basicamente empatados, com o voto espontâneo ainda muito distante do estimulado, o que significa pouca definição. Entretanto, Boulos, percebido como extrema esquerda, e Marçal, visto como extrema direita, apresentam rejeições acima de 40%, o que inviabiliza o candidato em 2º turno, já que do total do eleitorado 20% vão para abstenção, brancos e nulos, e dos 80% de votos válidos restantes, quem tem rejeição acima de 40% não passa pelo 2º turno. Datena e Tabata, no momento, pouco ameaçam. No caso de São Paulo, sobra a análise da aprovação da administração de Nunes, hoje por volta dos 35%. Quando o incumbente tem aprovação acima dos 55%, sua reeleição é líquida. Entre 40% e 50%, concorre nas eleições. Abaixo de 40%, dificilmente se reelege. Mas se os oponentes não são representativos do eleitorado em geral, e com alta rejeição, como é o caso, permanece a “lei da inércia”, na falta de uma escolha melhor. Essa é a tendência. Entretanto, os tempos de hoje são de muita incerteza, propício a surpresas, onde em ambientes politicamente instáveis sempre pode surgir o imprevisível, característico dos movimentos de última hora, que aumentam a disparidade entre o medido nas pesquisas e o ocorrido nas eleições, as vezes com desfechos inimagináveis.

Mas São Paulo “não pode parar”, e o Paulista, em princípio, não quer arriscar. São Paulo é a nossa megalópole, complexamente constituída, que, no geral, tende a aparar os extremismos mais ufanos.

A ver.

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?