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Conselhos aos governantes (por Gustavo Krause)

Conselho somente se dá quando o governante pede. O risco é ouvir os aduladores que têm enorme capacidade de lisonjear e trair

atualizado

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Senado Federal no final da votação da PL 2.108:2021, que revoga Lei de Segurança Nacional 4
1 de 1 Senado Federal no final da votação da PL 2.108:2021, que revoga Lei de Segurança Nacional 4 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

É o título do volume 15 das Edições do Senado Federal com mais de 800 páginas que congrega textos de 13 autores sobre o assunto e primorosa apresentação do ilustre pernambucano Walter Costa Porto.

Vai das recomendações do grego Isócrates (436 a.C – 338 a.C) ao seu discípulo Nicoclés, rei de Salamina, às duas cartas de D. Pedro II à filha Isabel, então regente, por ocasião das viagens do Imperador.

Nessa coletânea, estão, entre outros, textos de Platão, Cervantes, Mazarino, Maurício de Nassau, e o mais famoso de todos, O Príncipe, de Maquiavel.

Além dos mencionados exemplos, há uma vasta literatura que se propõe aconselhar os governantes na tentativa de moldar comportamentos e influenciar decisões dos detentores do poder político.

Entre detratores e admiradores, caminha o mais injuriado gênio da raça, Maquiavel, a quem o biógrafo Roberto Ridolfi denominou de “o profeta desarmado” e cujo epitáfio, escrito em latim, faz justiça ao florentino: “Nenhum elogio corresponde à grandeza deste homem”.

Foi Maquiavel, sabiamente, que colocou um freio em todos que pretendem “educar o Príncipe”, dando conselhos, ao advertir: “O Príncipe deve sempre aconselhar-se, mas quando ele próprio e não outrem o julgue conveniente […] Os bons conselhos venham de onde vierem, nascem forçosamente da sabedoria do Príncipe e não a sabedoria do Príncipe nasce dos bons conselhos”.

Ao descrever o que é e não o que deveria ser, a obra de Maquiavel é um formidável choque de realismo político na conquista e no exercício do poder de modo a manter a integridade do Estado.

A propósito, nestes tempos de transição entre o poder poente e o poder nascente, os novos governantes devem estar atentos não só aos ensinamentos de pensadores que têm validade universal, mas também, e sobretudo, às lições e exemplos, extraídos da experiência concreta do desafio de governar.

Neste sentido, é importante ressaltar a força e o valor de três constatações factuais.

Primeira, governar é a arte de gerar uma satisfação média entre os governados: agradar a todos é impossível e a poucos, fatal.

Segunda, o tempo de governar tem ritmos, não admite desperdícios. Há tempo de semear, tempo de colher e deve atender ao lema romano que se traduz em “apressa-te devagar” e significa trabalhar de maneira rápida, porém não apressada.

Terceira, resistir à praga dos aduladores que têm encantos mil, invejável capacidade de lisonjear e trair. Dissimulam, mas se entregam diante de holofotes como papagaios de piratas.

Gustavo Krause foi ministro da Fazenda

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