Vinte anos atrás, em 2021, ninguém acreditava como seria o Brasil hoje. Então, a situação era dramática: mais de seiscentos mil mortos naquela primeira pandemia do século, a Covid. Carestia nos preços, nos empregos, na vida. Então, a ideia do “nós contra eles” foi substituída por “todos juntos”.

Todos juntos para quê? Em busca de quais objetivos? Até que fossem definidos, até que ficassem claros e acordados os objetivos, não se podia saber qual caminho seguir. Mesmo sabendo aonde se quer chegar sempre haverá dúvidas…

Mas então, naquele ano, duas décadas atrás, alguns objetivos foram definidos, amplamente acordados e prevaleceram nas eleições de 2022. Os e as votantes colocaram no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nos Executivos uma expressiva maioria de representantes comprometidos e comprometidas com aqueles objetivos. Políticos tradicionais, machos e fêmeas, inclusive aqueles que diziam combatê-los mas a eles se aliavam, ficaram atônicos. Destes, alguns perceberam que chegara a hora de mudar suas práticas e assim fizeram; outros ficaram na cadeia por anos.

Alcançar aqueles objetivos era o desafio que unia quase todos. Houve quem lamentasse que a falta de esperança que grassava àquela época não tenha levado o Brasil a uma guerra civil. Mas os que gostam da paz superaram os que preferem o sangue. E o Brasil mudou! Alcançamos muito mais que os objetivos iniciais!

Começou um novo Brasil. Hoje, vinte anos mais tarde, é fácil ver esse país renovado.

Acabou a miséria; uma reforma fiscal tornou o sistema tributário progressivo e possibilitou uma renda básica a todos e todas, da ordem de R$400,00/mês. Todos e todas com dez anos de idade passaram a dominar o português, uma língua estrangeira, aritmética e os fundamentos do pensamento científico. Não mais há lixo nas ruas, nos campos, rios, ar e mares. O horário do transporte público tornou-se confiável. Acabou o desmatamento ilegal e áreas degradadas foram recuperadas. Importantes leis, providas de garras, dentes e lábios, tornaram residual a corrupção e o Brasil passou a figurar entre os dez países menos corruptos do mundo! Nossos campos passaram a ter mais flores, nossos bosques mais vida e em nosso seio mais amores! Delegações estrangeiras vinham conhecer nossa trajetória de duas décadas, e delegações brasileiras, mundo afora, aprenderam e colocaram em prática as melhores políticas em educação, saúde e noutras áreas. A Petrobrás, sem mudar de nome, parou de extrair veneno do subsolo para ser queimado e espalhado no ar, e tornou-se líder em energia sustentável, inclusive baterias não poluentes! De pária internacional, passamos a ser admirados!

Esse outro país é possível! Quantos nos daremos as mãos para clarear os objetivos e chegarmos lá?

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados