Cenas da extrema direita no Brasil (Por Pedro Pinto de Oliveira)
A fusão dos valores do militarismo e religiosidade
atualizado
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O vídeo que convidamos a assistir ao final deste texto é sobre a ação da extrema direita no Brasil, a partir dos achados da nossa pesquisa acadêmica, e uma experiência de uma nova forma de comunicar ciência. Dentro do amplo leque de possibilidades da comunicação acadêmica multimodal é um novo modo de comunicar ciência entre os pares: o ensaio audiovisual científico.
A temática da multimodalidade foi um dos pontos centrais do Congresso da IAMCR (International Association for Media and Communication Research, maior entidade mundial da área), realizado neste mês de julho em Lyon, na França, onde apresentamos o vídeo que compartilhamos aqui.
A observação inicial é importante porque o ensaio “Cenas da extrema direita no Brasil: a fusão dos valores do militarismo e da religiosidade”, exibido em Lyon para pesquisadores de todas as partes do mundo, é um vídeo acadêmico. É uma análise científica, aproximação da filosofia e ciências sociais, de base conceitual, na apreensão de fatos e valores.
A potência do ensaio audiovisual é ser uma comunicação referenciada pela academia que, pela natureza da comunicação por imagens, abre em desdobramento o entendimento para outros públicos não acadêmicos. Essa abertura é uma consequência importante no processo de democratização do conhecimento, um compromisso do pesquisador com a sociedade.
O ensaio é um contraponto aos vídeos negacionistas e de desinformação que inundam a internet. Uma proposta de comunicação multimodal para dar maior visibilidade à ciência no mundo digital dominado pelas imagens.
Sobre o conteúdo do ensaio. Tratamos da análise da fusão dos valores do militarismo e da religiosidade pela extrema direita brasileira liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O mito da superioridade moral dos militares sobre os civis foi usado pelo ex-presidente ao longo dos quatro anos na presidência como verdade única. A superioridade moral dos militares sustentou o discurso golpista, uma ameaça real à democracia.
A religiosidade foi subordinada a esse poder militar, vista, por exemplo, nas palavras de ordem gritadas nas portas dos quartéis: “generais, salvem as nossas almas”, “militares, salvem o Brasil”. O apelo dos fiéis à intervenção divina das baionetas e dos tanques.
Pedro Pinto de Oliveira é jornalista e professor da UFMT. Mestre em Ciências da Comunicação pela USP e doutor em Comunicação pela UFMG, com pós-doutorado na UBI/Portugal, e pesquisador do Grupo Multimundos