Bruno Covas, prefeito de São Paulo, luta pela vida há dois anos (Por Hubert Alquéres)
Câncer não impediu Covas de se reeleger, mas finalmente o obrigou a licenciar-se do cargo por 30 dias para tratar da saúde em um hospital
atualizado
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Se os políticos se dividem em duas grandes categorias, os que vivem da política e os que vivem para a política, Mário Covas sempre esteve nesta segunda turma. Em sua trajetória – deputado federal, prefeito de São Paulo, senador e governador do Estado — encontram-se as virtudes exigidas de quem faz política por vocação. Nela vê-se a conduta firme e inegociável em torno de princípios, ideais e utopias; o senso de responsabilidade como guia de ação e a capacidade de distanciar-se dos problemas para analisá-los com sobriedade.
Usando a teoria de Max Weber, Covas foi um raro caso em que sempre andaram juntas a ética da convicção, que coloca em primeiro plano crenças e objetivos irrenunciáveis, e a ética da responsabilidade.
Poucos homens públicos do Brasil enfrentaram uma doença com tanta tenacidade, temperança e resiliência como Bruno Covas, prefeito de São Paulo, neto e principal herdeiro político de Mario Covas. Exemplo de transparência em uma questão tão sensível, a cada momento nos surpreende. E a cada momento alcança vitórias, que, por menor que sejam, devem ser comemoradas por todos nós. Quando se pensa que tudo perdido, Bruno consegue ressurgir com bravura, dando passo a passo em sua jornada para sair da armadilha que o mal quer lhe arrastar.
Desde que foi constatado o câncer que o atinge, Bruno foi extremamente responsável com a cidade da qual é prefeito e com a própria saúde. Jamais escondeu dos paulistanos a gravidade de sua doença, informando-os sobre cada detalhe do tratamento a que foi submetido. Quando sentiu que poderia prejudicar São Paulo e a própria saúde, se licenciou do cargo na tentativa de readquirir condições para o desempenho do cargo. Praticou a ética da convicção com a ética da responsabilidade, conforme lhe ensinaram.
De onde vem tanta força? Talvez das suas origens, que nos remete ao saudoso Mário Covas. Talvez de sua mãe, Renata, do seu pai, Pedro Lopes, ou do irmão Gustavo. Muito possivelmente vem do grande amor pelo seu filho Tomás. E, quem sabe, do carinho dos companheiros e correligionários. Mas certamente também porque há uma corrente de milhões de brasileiros torcendo e rezando diuturnamente por Bruno.
Por tudo isso a ninguém é dado o direito de perder as esperanças. Enquanto há luta, há vida.
E Bruno luta.
Hubert Alquéres é membro da Academia Paulista de Educação. Escreve aqui às 4as feiras