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Brasil, COP26, e o futuro das Nações (por Ricardo Guedes)

A desorganização da base social será inevitável, com a política mais restritiva e menor representação social

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Victor Moriyama/Getty Images
Floresta amazonica incendio desmatamento crime
1 de 1 Floresta amazonica incendio desmatamento crime - Foto: Victor Moriyama/Getty Images

O Brasil segue à parte das discussões mundiais sobre a crise ecológica, a COP26 é limitada na eficácia de suas decisões, e as nações tendem a se deteriorar na sequência da crise ambiental.

O mundo encontra-se em situação crítica em relação ao meio ambiente. A emissão de CO2 elevou a temperatura do planeta em 1°C nos últimos 100 anos, e deve aumentar em até 6°C ou mais, até o fim deste século. O nível do mar deverá subir cerca de meio metro até 2100. A queda na produção agrícola poderá chegar a 25% até 2050. A crise do meio ambiente será pior do que as guerras e pandemias pregressas, uma vez que seus efeitos são crescentes e irreversíveis a curto e médio prazo.

A desorganização da base social será inevitável, com a política mais restritiva e menor representação social. Uma situação malthusiana pelo deslocamento de parte da população costeira para o interior dos países e drástica diminuição na oferta de alimentos, produtos e serviços sociais. Os países que não entendem e não se preparam para a situação que virá pagarão um preço muito alto pela sua inoperância, falta de compreensão e falta de ação adequada aos novos objetivos.

O COP26 é de alcance limitado em suas ações. A dificuldade de um pacto entre as nações baseia-se no fato de que os países se encontram em diferentes situações de capitalização e disponibilidade financeira, com distintos ordenamentos políticos, impossibilitando a ação racional conjunta entre as partes. A tentativa de uma solução é necessária, mas moderada em seus efeitos, posto o desarranjo entre as nações.

O Brasil, hoje encastelado no negacionismo e na ignorância, continua à parte desta discussão, sem a participação de Bolsonaro na COP26, e com a assinatura tácita de acordos no metano e no desflorestamento, mais “para inglês ver”, que dificilmente serão cumpridos. O território amazônico consiste na maior reserva florestal da Terra; com 15% da água potável, o bioma é responsável pela renovação de cerca de 5% do oxigênio do planeta, indispensável para os propósitos da nova ordem mundial. A Floresta Amazônica decresceu em 13% entre 1985 e 2018, e tem sido acentuadamente devastada com Bolsonaro com políticas de desregulamentação e diminuição da fiscalização. De agosto de 2019 a julho de 2020, o desmatamento da Amazônia cresceu 37% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O Brasil representa hoje 2,7% da população e 1,6% do PIB global. Em pesquisa da Sensus, 69% da população mundial dá suporte à política de preservação da Amazônia por meio de organismos internacionais, e somente 21% atribuem ao Brasil o direito exclusivo de sua conservação. Se o Brasil não souber se adaptar aos novos tempos da crise ecológica mundial, poderemos ser alvo de intervencionismo internacional, seja mediante cooperação forçada ou mesmo de intervenção militar futura, no limite do desespero que há de pairar sobre as nações.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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