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BH: a derrota dos padrinhos e da polarização (por Helcimara Telles)

Sinal vermelho para o PT

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida de Engler e Fuad - Metrópoles - Foto: Reprodução

As eleições nacionais demonstraram a derrota de duas hipóteses. A primeira é a de que a polarização das presidenciais se repetiria no plano local. A segunda, a de que os presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro determinariam os resultados das municipais.

Na tetralogia que organizei junto com Antonio Lavareda sobre campanhas e voto nas eleições municipais, observamos que desde as eleições de 2008, um dos principais equívocos dos analistas é tratar as capitais de forma homogênea, sem considerar as conjunturas de cada uma delas.

Uma mera visita aos dados eleitorais já nos mostra que poucas cidades repetem os padrões dos resultados das presidenciais, e que num sistema multipartidário, dificilmente se pode aplicar a tese da “polarização”, própria dos sistemas bipartidários como os dos EUA.

Em Belo Horizonte, os “padrinhos” Romeu Zema (Governador – NOVO) e Kalil (PSD), ex-prefeito reeleito que deixou o cargo bem avaliado para ser candidato a governador em 2022, apoiaram o candidato Tramonte.

Mas, o capital político de ambos não foi suficiente para levar o candidato para o segundo turno. Ao contrário do que indicava a maioria das pesquisas, que colocavam Tramonte em primeiro lugar, ele derreteu na reta final e alcançou um pífio terceiro lugar na disputa.

Bruno Engler, deputado estadual pelo PL, e Fuad Noman (PSD), o atual prefeito, disputarão o segundo turno das eleições para a prefeitura de Belo Horizonte. Engler fez uma campanha silenciosa nos grupos de WhatsApp e reuniu os evangélicos em torno de si, valendo-se da força das organizações das Igrejas, que funcionam como agentes eleitorais.

Além disso, Engler contava com o apoio do ex-presidente Bolsonaro, que ganhou as eleições em Belo Horizonte com as periferias abandonadas pelas esquerdas e direitas tradicionais. Onde falta o pão, sobra fé como um fermento necessário para lutar diariamente pela sobrevivência.

As Igrejas e suas lideranças acabam por suprir as lacunas da ausência do Estado e oferecem conforto espiritual, empregos, assistencial social, lazer e preparam o terreno para o retorno de Jesus, como pregado pela Teologia do Domínio.

Já Fuad, que apoiou Lula, conta na chapa com um vice da direita radical. Há centenas de escritos sobre as maiores chances de reeleição de prefeitos frente às dificuldades de entrada de novos atores no mercado eleitoral, sobretudo se a economia cresce e o prefeito consegue mostrar “obras”, já que o Fundo entregue aos municípios cresce quando a economia vai bem.

Mal avaliado na pré-campanha, Fuad conseguiu ficar no segundo lugar por duas razões: na campanha na TV e nas mídias sociais, reverteu a avaliação ruim de sua administração. A outra explicação é o voto útil em função da crença dos eleitores de esquerda de que aqueles candidatos que se apresentavam como esquerda, Duda (PDT) e Rogério Corrêa (PT), não eram competitivos. Ademais, muitas lideranças do PT estadual apoiaram Fuad e abandonaram Correa. É o clássico fenômeno da “cristianização”.

Nikolas Ferreira (PL), deputado federal mais votado em Minas Gerais, participou ativamente da vitória de Engler, pois pretende ser candidato a governador do Estado em 2026 e usar a prefeitura como palanque para as eleições presidenciais.

Ganhe Engler ou Fuad, os resultados do legislativo municipal mostraram claramente a vitória de uma direita radical e a derrota das esquerdas, cujas lideranças tendem a apoiar Fuad no 2 turno em função da ocupação de alguns cargos/secretárias na administração pública.

Os resultados mostraram também que se Minas Gerais foi fundamental para a eleição de Lula em 2022, eles agora acendem um sinal vermelho em sentido inverso com relação a 2026.

 

Helcimara Telles, presidente da ABRAPEL e professora da Universidade Federal de Minas Gerais

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