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Belém: a COP decisiva (por Cristovam Buarque)

A COP 30 pode ser o marco para um novo tempo

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Presidente Lula e ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participam de cerimônia de celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, no Salão Nobre do Palácio do Planalto - Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula e ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participam de cerimônia de celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, no Salão Nobre do Palácio do Planalto - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Desde 1995, em Berlim, a ONU fez 29 conferências sobre o meio ambiente, sem qualquer sinal de redução na crise climática. Porque cada presidente compareceu como representante do seu país no mundo, para proteger seus eleitores, não para oferecer sacrifícios e salvar o planeta. A próxima COP, em novembro de 2025, poderá ser diferente.

Primeiro, porque, até 2025, os efeitos das mudanças climáticas estarão ainda mais visíveis, chamando atenção do mundo inteiro para a importância do evento. Segundo, a reunião se fará em plena Amazônia, o centro das preocupações mundiais com o meio ambiente; no país que é o melhor retrato dos êxitos e fracassos do desenvolvimento econômico em sua relação com a natureza. Terceiro, com o presidente anfitrião reconhecido como principal estadista planetário do momento e com a ministra do meio ambiente sendo símbolo mundial da luta pelo equilíbrio ecológico. A COP 30 pode ser o marco para um novo tempo.

A ministra Marina Silva tem dito que nossa primeira responsabilidade é demonstrar ao mundo que estamos recuperando o meio ambiente, especialmente a Floresta Amazônica, depois do descaso dos últimos anos. Também cuidando dos demais biomas, rios e todo imenso potencial de recursos naturais da humanidade sob nossos cuidados. Além disto, precisamos que as políticas econômicas, sociais e culturais brasileiras estavam coerentes com o discurso de equilíbrio ecológico, biodiversidade, desenvolvimento sustentável, respeito aos povos originários. O mundo precisa olhar para o Brasil como o país que serve de exemplo nas questões ambientais.

Com isto, temos condições de fazer a COP 30 deixar sua marca, ao se transformar em um evento planetário. Não apenas ponto de encontro de participantes representando seus países no fórum mundial. Esta pode ser a primeira COP dos tempos em que “cada país é um pedaço do mundo”, não mais dos tempos em que “o mundo era a soma de países”. Uma nova era em que a soberania de cada pedaço se submete à sobrevivência do conjunto. Isto é possível na elaboração dos conteúdos, e reunindo a maior parcela possível de participantes em escala mundial, sob forma remota.

O discurso de abertura deste evento, a ser feito pelo presidente Lula falando pelos brasileiros desde a imensidão da Amazônia, em nome de toda humanidade e para toda humanidade, pode ser um dos mais importantes discursos da história mundial: sobre os riscos que corremos, a esperança que ainda resta, a responsabilidade que temos, apontando propostas claras e compromissos que devemos assumir para que a humanidade se envolva na proteção da vida na Terra, na superação da pobreza, na redução da desigualdade, na defesa de nossas diversidades natural e cultural, na promoção de desenvolvimento sustentável e atenda aos interesses das futuras gerações, mesmo com sacrifícios no presente.

Com este discurso de Belém para o mundo, dos brasileiros à humanidade, de hoje para o futuro, à COP 30 pode ser a primeira realmente planetária, em interação universal direta. Daqui até 2025, os meios de comunicação facilitarão esta participação planetária. Por uma semana, o mundo estaria ligado ao desafio da Amazônia, pensando e se comprometendo com o futuro da humanidade. Belém seria o centro da Terra de hoje, olhando para o amanhã.

Graças ao local, ao presidente, à ministra, à competência organizacional, e ao momento em que ela ocorre, esta COP tem as pré-condições asseguradas para representar uma reorientação na história da humanidade.

Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador

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