As Olimpíadas de Paris (Roberto Caminha Filho)
E continuaremos gastando o dinheiro da Loteria e dizendo que é pouco.
atualizado
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Apenas noventa e cinco dias nos separam das Olimpíadas de Paris. Ucranianos, russos, palestinos, judeus aprenderão, a partir de 26 de julho a 11 de agosto de 2024, qual é o verdadeiro campo de batalha para as guerras deste século XXI.
É no campo de futebol, nos tatames, nas quadras, nas piscinas, nas mesas, nos trampolins, nos barcos, nas pistas e nos skates que os homens mostram onde são bons, nas disputas e na busca pela supremacia. As bombas, as espadas, os fuzis e os drones, são artes que velhos militares usam para brincadeiras de péssimos gostos e com a vida de crianças e de civis.
Para este período, o mundo se prepara para ter o melhor televisor, a melhor internet, o pagamento antecipado da energia e as melhores picanhas, cervejas, sucos, cadeiras e companhias durante as disputas.
O nosso Brasil irá para a guerra na esperança de trazer oito medalhas de ouro e a garra e vontade de recolher muitas outras.
Os nossos principais heróis para a busca do ouro são;
Alisson dos Santos, o Piu, nos 400m rasos
Rebeca Andrade, na ginástica
Gabriel Andrade, no surf
Bia Ferreira, no boxe
Ana Patrícia e Duda, no volei de praia
Rayssa Leal, a Fadinha, no skate
Mayra Aguiar, no boxe
Martine Grael e Kahena Kunze, na vela
O futebol masculino, que um dia nos inspirou, está fora das Olimpíadas e saindo do Campeonato Mundial. O voleibol, o basquete, o andebol, o tênis, o boxe, a natação e outros esportes, não nos deixam tranquilos para fazermos uma torcida com esperança de ouro ou prata. As medalhas de bronze poderão chegar, mas não é objeto para brasileiro pensar, mesmo sem merecê-las. Assim está o nosso Brasil para as Olimpíadas, o país do futebol sem futebol nas Olimpíadas. Brincamos nas eliminatórias olímpicas, assim como estamos brincando nas eliminatórias do Campeonato Mundial. Ainda estamos experimentando treinador para nos dirigir na Copa do Mundo a ser realizada nas três nações. Os nossos craques são os jogadores que lotam os estádios do mundo e o mundo não quer saber dos nossos treinadores, e nem nós. Os dirigentes brasileiros, lotam os nossos túneis de treinadores portugueses, argentinos, chilenos e paraguaios, enquanto a CBF, opta pelos defasados “professores” brasileiros. Resultado: um dia jogamos para o gasto, e no outro, eles nos desgastam. Vamos para Paris com bilhões de dólares gastos durante o período de preparação sem que possamos dizer:
“Aquela medalha é nossa e ninguém tira”.
E continuaremos gastando o dinheiro da Loteria e dizendo que é pouco.
Roberto Caminha Filho, economista, torcedor por obrigação.