As Eleições de 2022 (por Ricardo Guedes)
Bolsonaro dificilmente será reeleito em 2022
atualizado
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Bolsonaro apresenta rejeição acima de 50% nas pesquisas, o que é impeditivo para vencer eleições em cenário de 2º turno. A avaliação de seu governo está na casa de 25% a 30%, muito aquém dos necessários 55% de aprovação para se reeleger, ou dos 40% a 50% para disputar as eleições. Em cenários de 2º turno, hoje, perde por cerca de 20% das intenções de voto para Lula.
Em 2018, Bolsonaro foi eleito por uma votação então antipetista baseada em uma plataforma moralista e liberal. A plataforma moralista tem perdido espaço diante de atitudes e alianças políticas atualmente feitas que mais lembram a velha política antes contestada, e a plataforma liberal, seja por conjuntura política ou pela crise do Covid, não tem conseguido entregar condições econômicas satisfatórias para a população.
Importante observar que em 2018 Bolsonaro foi eleito em 2º turno por 55% a 45% dos votos válidos, 39% a 32% dos votos no total do eleitorado, pela margem de somente 7% em clima então favorável.
Com uma plataforma radical, Bolsonaro não consegue hoje agregar a maioria do eleitorado, com erros na condução política, econômica, ambiental, e na condução do Covid no país. A despeito das pesquisas médicas em todo o mundo não terem validado o uso de hidroxicloroquina como tratamento para a Covid, o Brasil segue hoje na política do uso do medicamento e expectativa da imunidade de rebanho para a recuperação da economia, com a geração de rejeição por estigma.
Fernando Henrique deixou o país em 2002 com PIB de aproximadamente US$ 600 bilhões, Lula em 2010 em US$ 2,2 trilhões, Dilma em 2015 em US$ 1,9 trilhões, Temer em 2018 mantendo em US$ 1,9 trilhões, Bolsonaro em 2019 com US$ 1,8 trilhões, com o PIB caindo para US$ US$ 1,4 trilhões em 2020 devido a 4,1% de queda em moeda nacional e cerca de 28% de desvalorização do real em relação ao dolar, com a geração de inflação cambial.
Em cenário eleitoral prévio sem Lula, dentre os candidatos da oposição surgeria aquele que iria angariar o voto da 3ª via durante o processo eleitoral em relação a Bolsonaro e o PT, como ocorreu com Biden nos Estados Unidos, após a diminuição dos votos à esquerda em Sanders, com Biden vitorioso no processo eleitoral, mesmo com a economia americana em crescimento, mas devido aos erros de Trump na condução do Covid no país. Com Lula em cena, a política mais agregadora em estilo trabalhista ou social-democrata e a memória de tempos mais fartos se fazem ressaltar.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO do Instituto Sensus