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Ao que interessa (por Mirian Guaraciaba)

Lula está só começando a guerra contra desmandos e destruição dos últimos anos

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Presidente Lula em visita a Terra Yanomami - Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula em visita a Terra Yanomami - Metrópoles - Foto: null

Há muito rescaldo dos atos terroristas de 8 de janeiro, e a tentativa de golpe de estado. A intervenção no Governo do Distrito Federal, a prisão de centenas de bandidos, e a troca do Comandante do Exercito deram o sinal que a sociedade esperava.

Temos Presidente.

Vê-lo, ontem, em sua primeira viagem internacional, deu impressão de normalidade. Lula não perdoará os terroristas, quer punição para todos, civis e militares, e não ficará à sombra de radicais enlouquecidos.

Então, ao que interessa. Lula está só começando a guerra contra desmandos e destruição dos últimos anos. Vimos com profunda tristeza e indignação o que Bolsonaro fez contra o povo Yanomami. Lula foi lá, viu de perto o campo de concentração nazista, acionou plano de emergência contra a tragédia que se abateu sobre a nação indígena. Crianças e adultos cadavéricos, morrendo de fome – 570 crianças morreram apenas em 2022, sob o desgoverno do genocida.

No Ministério avantajado de Lula, o governo vai lutar contra esse e outros descomedimentos. Uma de suas ministras mais vistosas, Anielle Franco, por exemplo, tem a missão de enfrentar o racismo estrutural. Mulher, negra, nascida no Complexo da Maré – conjunto de 16 favelas onde quase 70% da população tem medo de morrer de bala perdida, Anielle Franco formou-se em jornalismo pela Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA), em inglês e literatura pela UFRJ, e mestrado em relações étnicos-raciais pelo CEFET do Rio.

Anielle tem luz própria. A nova ministra de Igualdade Racial começou chamando a atenção de Simone Tebet, sua colega no terceiro governo Lula. Em sua posse, a ministra do Planejamento disse que estava difícil encontrar mulheres negras pra comporem seu ministério. Na mesma cerimônia, Anielle propôs criar um banco de talentos pretos e pretas. São milhares, ensinou.

Nem todos tem a mesma vibe. Houve celeuma em torno da ministra do Turismo. Milícia, milicianos, eleição, fotos. Houve ministros desmentidos por outros ministros. Em menos de duas semanas.

Mas ainda é cedo para criticar o governo. Também não é legal perder o foco. Depois da histórica subida da rampa e do mais cruel ataque à democracia – é hora de mostrar serviço. É exatamente o que Lula tem feito. O Brasil tem pressa, a fome não espera, a miséria não dá trégua. O preconceito racial é cruel, o machismo é real, a homofobia mata.

De cara, Anielle apresentou duas propostas encampadas por Lula. Há de se criar um “dicionário antirracismo” para a população brasileira, na esteira de Djamilla Ribeiro, autora de livros, entre eles “Pequeno manual antirracista”. Há de se punir com mais rigor crimes cometidos em função da cor da pele. Há de se introduzir nas escolas preceitos, princípios, regras, comportamentos para que crianças não se transformem em adultos intolerantes.

Foi bom ver Anielle ao lado de Lula. Foi emocionante ver a posse de Sonia Guajajara. O Presidente sabe o que é preconceito, sofreu na pele o “pau-de-arara” quando desembarcou em São Paulo, há mais de 70 anos. Lula sabe o que é exclusão. São fartos os indicadores no País. A ONU tem alertado o Brasil sobre fome e racismo estrutural enraizado. A violência, o desemprego, remuneração inferior, falta de moradia e saúde, atingem negros em proporções extremamente mais graves.

Lula tem pressa nessa gigantesca responsabilidade. O Brasil quer e tem a urgência de Lula.

Em tempo: entre os terroristas presos, a maioria absoluta é de brancos, com mais de 30 anos. Mulheres mais velhas que os homens. Algumas dezenas já responderam por outros delitos, como violência contra a mulher e tráfico de drogas. Nenhum cidadão de bem.

Em tempo1: o tal “mercado” diz que não tem afinidade com a política. Não mesmo. Tem compromisso com a riqueza. Basta Lula defender os miseráveis e a bolsa cai, o dólar sobe. E sabem como alguns entendidos definiram os atos terroristas de Brasilia? Uma “confusãozinha”. Cinicos. Desavergonhados. O dólar não subiu, a bolsa não subiu. Tudo como dantes no dia 9 de janeiro.

Mirian Guaraciaba é jornalista

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