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A próxima guerra total (por Eduardo Fernandez Silva)

Não mais “conflitos locais”; guerra sem limites, com múltiplas Hiroshimas e Nagasakis em todos os continentes.

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Hiroshima
1 de 1 Hiroshima - Foto: Reprodução

A cada dia cresce meu temor de estarmos caminhando para uma guerra total. Não mais “conflitos locais”; guerra sem limites, com múltiplas Hiroshimas e Nagasakis em todos os continentes.

Isso porque vejo escalarem os confrontos entre Ocidente x outras potências, assim como falas cada vez mais abertas de agentes da guerra afirmando a inevitabilidade de um confronto total. Chamo “agentes da guerra” àqueles ligados ao complexo industrial-militar-consumista, inclusive autoridades da OTAN e dos “inimigos” desta. Há, ainda, movimentos geopolíticos explicáveis como preparação da guerra total.

Analisando as próximas eleições nos EUA a revista The Economist afirmou recentemente (25/07/24): “O senhor Trump tem uma visão [equivocada] de magnata do ramo imobiliário, de que a força é simplesmente músculo; a força é ampliada quando enraizada em princípios”. Todos os agentes da guerra sabem muito bem que a força e a segurança nacional não se baseiam apenas em mais músculos, isto é, armas; é fundamental manter coerência com certos princípios. No entanto, insistem em fechar os olhos à frequência com que nações ocidentais quebram aquele que é, talvez, o mais fundamental de seus princípios fundadores e legitimadores: os direitos humanos! Assim procedendo, enfraquecem suas nações.

Interessante notar que a visão de mundo dos chineses se fundamenta na noção, que remonta à Confúcio, de “poder nacional abrangente”. Nesta, o “abrangente” explicita a necessidade de equilíbrio entre os vários pilares da força nacional, entre eles a educação, a ciência, a satisfação popular com sua vida etc. Neste último sustentáculo, as mais ricas nações ocidentais estão patinando ou regredindo desde os anos 1980, ao contrário da China!

Como ainda reivindicar o monopólio da defesa dos direitos humanos e continuar a enviar armas para Netanyahu tentar se manter no poder aniquilando palestinos e ampliando a guerra para outras frentes?

Quanto às falas, o último ministro da defesa do Reino Unido, ainda no cargo, disse ser inevitável a guerra total. Neste corrente julho de 24, um ex-secretário geral da OTAN, Lord George Robertson, recém nomeado para rever a política de defesa da Inglaterra, disse que “a Inglaterra e seus aliados enfrentam um quarteto mortal, composto por Rússia, China, Iran e Coréia do Norte, que agem em conjunto contra o Oeste, compartilhando armas, componentes e inteligência”. E não é verdade que a Inglaterra e seus aliados agem em conjunto contra aqueles quatro, também compartilhando armas, componentes e inteligência?  Assim agindo, negando o princípio da coerência e da realidade, como a semelhança entre ações dos dois campos, não estão os “agentes da guerra” tentando nos preparar para o confronto total, desejado apenas por eles e seus sócios?

E não aprenderam ainda, esses agentes da guerra, após milhares de conflitos, que não existe vitória total e permanente baseada na força? No mundo pós-Hiroshima e Nagasaki, não é tempo de mentes menos obtusas assumirem o comando?

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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