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Plataforma liberal do governo foi só para ganhar voto (Ricardo Guedes)

Bolsonaro dificilmente se reelegerá, com baixa entrega política e resposta econômica pouco expressiva

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São Paulo - Manifestações contra o Governo Bolsonaro no Brasil
1 de 1 São Paulo - Manifestações contra o Governo Bolsonaro no Brasil - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Bolsonaro foi eleito em uma plataforma moralista e liberal, ambas não entregues. Após dois anos e meio de sua administração, pouco resta destas plataformas. Hoje, caracteriza-se o autoritarismo político com fortes investidas para a quebra da ordem institucional, sem a implementação de reformas significativas para a institucionalização de uma economia de mercado como padrão determinante, com a adoção, na prática, de medidas ad hoc na solução de problemas cotidianos usuais, como bolsa-auxílio e outras medidas. Na ética, os indícios de corrupção na compra da Covaxin indicados pela CPI do Senado são desastrosos para o Governo.

Em Bretton Woods, reunião que ocorreu um ano antes do término da 2ª Guerra Mundial com 44 países para formular novas políticas de comércio e das relações internacionais, com a fundação do FMI e do Banco Mundial, Keynes e Harris White, economista chefe do Departamento do Tesouro Americano, conjugaram as mesmas recomendações de investimento dos Governos para a estabilização da economia, pleno emprego, e bem estar social. Em verdade, todo país do mundo conjuga políticas Keynesianas com a economia de mercado na busca da solução de seus problemas, dentro dos limites dos valores e cultura de cada povo.

Há um problema na formulação da política econômica do Governo. Na economia, o pressuposto de que o controle da dívida pública com a diminuição da taxa de juros leva à maior diversidade e intensificação da atividade empresarial não se aplica integralmente ao Brasil, como nos Estados Unidos com mais de 200 anos de atividades empresariais. Em 2019, São Paulo, mais empresarial, cresceu 2%, para média nacional de 1%. No Brasil, a recomposição do lucro devido à baixa dos juros serve mais ao propósito da formação da poupança individual na pessoa física do que à diversificação e aplicação de recursos para as atividades empresariais. Em um país pouco quedado à inovação tecnológica e à diversificação empresarial, experimentamos melhoras na construção civil e na bolsa de valores, como bolhas indicativas de crescimento. A proposta da reforma tributária com imposto de 20% sobre a distribuição de dividendos sugere arrecadamento para fins eleitorais, como prática antimercado.

É verdade, conforme noticiado na mídia, que a área econômica tem experimentado travas políticas, no legislativo e no executivo.

O argumento de que sofremos com a pandemia é verdadeiro, mas não se justifica, já que o Brasil, entre as 20 maiores economias, foi o país que mais caiu em dólares correntes em 2020, passando da 9ª para a 12ª posição no mundo. Vivemos hoje uma inflação cambial, com recorde histórico de 14,7% de desemprego. Adicione-se a crise hídrica que se instala e a pressão que resultará nos preços.

Bolsonaro dificilmente se reelegerá, com baixa entrega política e resposta econômica pouco expressiva, com o apoio de somente ¼ da população e rejeição acima de 50% do eleitorado.

 

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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