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A polícia letal de estados opostos na política (por Vitor Hugo Soares)

Mês de Julho se foi, na Bahia e em São Paulo, como o diabo gosta

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Imagem colorida mostra policial militar segurando arma. Ele é branco e veste uma farda. Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra policial militar segurando arma. Ele é branco e veste uma farda. Metrópoles - Foto: Renan Porto / Metrópoles

Mês de Julho se foi, na Bahia e em São Paulo, como o diabo gosta (para citar a canção de Belchior e versos de cordéis, vendidos nas feiras do Nordeste, com narrativas do tempo das “volantes” das polícias estaduais da região, no combate ao cangaço comandado por Virgulino Ferreira, o Lampião), em termos de letalidade na atuação das PMs. 36 pessoas morreram – 20 no estado nordestino e 16 (ao menos, até quinta-feira, (3) na principal unidade da federação, no sudeste do País – em operações que resultaram em “confrontos com o crime organizado e o tráfico de drogas”, segundo comunicados das corporações, nos temerários últimos dias da passagem de julho para agosto. Fatos de imagens pesadas de grossa selvageria e denúncias de torturas, feitas por promotorias públicas, ONGs locais e estrangeiras, e até do setor de defesa dos direitos humanos na ONU, e de expressivas personalidades democráticas, sobre o estado de coisas que mexe com os nervos, nacionalmente, e levanta protestos no exterior.

Já são conhecidos dados que vão além da curva da razoabilidade: mesmo quando comparados com países em guerra declarada, ou republiquetas de bananas. Desperta especial preocupação, em núcleos democráticos e humanitários do pensamento e ação, o fato desta letalidade brutal explodir em dois ressonantes estados do País, ao mesmo tempo. Unidades federativas de governos opostos – política e ideologicamente – cujas forças de segurança parecem tecer macabra e desgovernada disputa, de qual é mais letal em suas ações. Governos que divergem nos discursos, igualmente confusos na forma e mambembes, no conteúdo intelectual e nos projetos de gestão. Até aqui, as atuações policiais são semelhantemente desastrosas – tal qual as falas de seus chefes, de governo e de polícia –, e praticamente os mesmos pífios resultados.

Na Bahia, do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), segue o curso da letalidade policial de cada dia – herdada da gestão Rui Costa (atual ministro chefe da Casa Civil do governo Lula) durante seus dois mandatos seguidos, entre 2015 e 2022:, marcado pelo tristemente famoso “massacre do Cabula” (de repercussão até na ONU), quando 12 jovens de idades entre 18 e 23 anos foram encurralados e mortos em ação da tropa de elite da PM. A partir daí, o estado viu as mortes nos “confrontos” com as forças de segurança subirem 313% e baterem recorde, ano passado, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. Quando pela primeira vez, a polícia baiana aparece como a mais letal do País, tomando o lugar antes ocupado pelo Rio de Janeiro.

Em São Paulo, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) – nome de proa da chamada nova direita brasileira, ligada ao ex- ocupante de triste memória do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, defensor da teoria de que bandido bom é bandido morto o tiroteio de uma operação d grupo especial da ROTA tem saldo –até 3/8, de 16 mortos, em Guarujá, antigo balneário da elite paulista. No caso atual, a “Operação Escudo”, que tem características mais nítidas de vingança que de combate inteligente e efetivo ao crime – como destacado por juristas e analistas especializados na imprensa br asileira e estrangeira – o atirador confesso, contra o soldado Patrick, se entregou à Polícia Civil, e está preso. Tarcisio de Freitas já anunciou que a operação vai continuar no Guarujá até o fim de agosto. O resto a ver.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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