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A irracionalidade humana (por Ricardo Guedes)

A irracionalidade grassa nas ações humanas

atualizado

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ANDRZEJ WOJCICKI/SCIENCE PHOTO LIBRARY
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Adam Przeworski define o erro em ciências sociais como uma relação tripartite, entre os objetivos a serem alcançados, as ações tomadas para se atingir esses objetivos, e as condições externas que possibilitam ou não chegar a esses objetivos. Se o objetivo do homem é sobreviver na terra, estamos fazendo tudo ao contrário. Do jeito que estamos indo, vamos naufragar.

São dois os problemas, a economia e a ecologia, mediados pela política, que sem consenso e boa vontade não funciona. Na economia, após 200 anos de industrialização, o mercado atinge seu ponto de maior ganância, onde os 1% mais ricos detêm 50% na renda mundial, com o achatamento as classes médias de 1980 para cá, conforme os dados do World Inequality Report. Na ecologia, o meio ambiente vai-se deteriorando, com o aumento da temperatura e degelo do planeta, em processo dificilmente reversível, de acordo com os indicadores da NASA e outros estudos. O lucro aumenta e o meio ambiente se deteriora. Na política, as teorias sobre a democracia, de Rousseau aos tempos atuais, fracassaram na solução dos problemas; sendo a política hoje o instrumento da sobreposição dos interesses sobre o consenso. E o homem segue firme na ignominia de seu percurso, como no quadro A Nau dos Insensatos, de Sebastian Brant de 1494, no acervo do Louvre.

Na Teoria dos Jogos, os jogos podem ser “soma zero”, quando um ganha e o outro perde; “soma +1”, quando ambos os lados ganham; e “soma –1”, quando todos perdem. Em uma equação figurativa aqui proposta, “lucro – ecologia = –1(política → guerra)”, no desastre andante que nos há de acolher.

No Conselho de Segurança da ONU, em 18 de outubro, perdeu-se a oportunidade única da abertura de diálogo entre as potências, com a proposta do Brasil em relação à ajuda humanitária para o que hoje ocorre no Oriente Médio, sem que a aprovação da moção pudesse afetar o atual equilíbrio de forças entre os países. Já a reunião em 25 de outubro, foi mais para o palco político das opostas posições do que ao objetivo de consenso. Com a guerra, o acordo de paz entre Israel e a Arábia Saudita, com benécias, mas sem a criação de um Estado Palestino, foi suspenso. A guerra expressa o ódio, atingindo majoritariamente aos civis de ambos os lados, com possibilidades de se alastrar pela região, e pelo mundo. Urge a necessidade da abertura do diálogo, para possíveis soluções em futuro próximo, para o Oriente Médio, Ucrânia, e Taiwan, nossos três principais problemas. Em seguida, tentar se equacionar o binômio economia-ecologia para a sobrevivência da humanidade, assim como de suas elites, que serão também atingidas.

No momento, na sequência de erros recíprocos, vamos nos afundando na economia, na ecologia, e na política, sem tempo para gastar, com o relógio quase até no fim.

Ricardo Guedes é formado em Física pela UFRJ, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, e Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro

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