A imprensa moderna teve por origem a invenção da máquina de impressão na Europa por Gutenberg no ano de 440, com o primeiro tabloide de notícias sendo impresso em 450 em Strasbourg. A criação da imprensa possibilitou a livre circulação das ideias entre a população europeia, de importância para o Renascimento e o capitalismo florescente, posto que o dom da escrita e da leitura eram antes privilégio dos Monges na Idade Média. Da linguagem hermética do Latim, seguiu-se a difusão da cultura e das ideais nas línguas europeias do cidadão nascente.

Nos Estados Unidos, a liberdade de expressão foi garantida pela Primeira Emenda da Constituição em 1791, na qual ao Governo não é permitido instituir “nenhuma lei que restrinja a religião, a liberdade de expressão, ou a imprensa”. A imprensa americana tem exercido papel fundamental na manutenção das liberdades constitucionais, em suas funções de notícia e de investigação jornalística da atividade pública e empresarial. Na recente eleição presidencial americana, a imprensa teve papel fundamental na contenção das fake news tendo por origem o movimento supremacista branco de extrema direita QAnon, que apregoa o complô mundial da China juntamente com os organismos multilaterais para o controle do Ocidente, com a atribuição de suposto apoio de Barak Obama, Hillary Clinton, e Georg Soros, suposições sem fundamento.

No antigo Oriente Próximo, os governantes se colocavam frontalmente em oposição à difusão da imprensa. Em terreno árido para a produção econômica e com pouca presença de classes médias, a repressão e a religião eram os fundamentos do controle social, impedindo a circulação de ideias. Mais recentemente, os países produtores e exportadores de petróleo do Oriente Médio promoveram o bem estar social, mantendo o controle político rígido das ideias em seus países.

O anti intelectualismo sempre foi um instrumento para suprir a liberdade de expressão. Na Alemanha Nazista, é atribuída a Hanns Johst a fala de que “quando escuto a palavra cultura, boto a mão na minha arma”. Na Venezuela, 39 Jornalistas foram detidos em 2019.

A imprensa no Brasil tem sido de fundamental importância na manutenção da livre opinião na democracia brasileira. Segundo o Repórteres sem Fronteiras, cerca de 580 ataques à imprensa foram contabilizados em 2020 no Brasil provenientes de Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos, quase dois por dia. Ainda segundo o Repórteres sem Fronteiras, nestes últimos três meses de 2021 foram realizados meio milhão de ataques à imprensa através de tuítes no país, politicamente orientados.

Na fundação da democracia americana, Benjamin Franklin quando perguntado se os Estados Unidos seria uma monarquia ou uma república, respondeu que seria “uma república, se vocês puderem mantê-la”.

A imprensa livre é uma das bases da liberdade das sociedades modernas.

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus