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A fumaça da Petrobras (por Eduardo Fernandez Silva)

Como zerar, com a máxima rapidez e menores danos possíveis à população mais carente, a extração e a queima de combustíveis fósseis?

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Chaminés de indústria soltam fumaça em céu acinzentado - Metrópoles
1 de 1 Chaminés de indústria soltam fumaça em céu acinzentado - Metrópoles - Foto: GettyImages

A fumaça do ti-ti-ti sobre a Petrobrás serve para obstruir a visão dos brasileiros e brasileiras daquilo que realmente importa. Abrir CPI, vender a estatal, estatizar ativos já vendidos, congelar preços, demitir um, dois e três presidentes…. É estratégia antiga inventar um bode expiatório para esconder culpas próprias, no caso, do Executivo, do Congresso Nacional e também da imprensa que, em grande parte, não questiona a embromação.

Fica completamente fora do debate o que deveria ser seu ponto central: como zerar, com a máxima rapidez e menores danos possíveis à população mais carente, a extração e a queima de combustíveis fósseis?

Na Austrália, recentemente, uma aliança de setores industriais, incluindo algumas das maiores e mais poluentes empresas do país – minério de ferro, aço, cimento, alumínio, químico, gás natural e outros – finalizou um estudo mostrando que a adoção de tecnologias já disponíveis poderia reduzir em 80% suas emissões e, além disso, gerar enorme quantidade de energia renovável e criar centenas de milhares de empregos. Registre-se, por importante, que o diretor financeiro de uma grande empresa afirmou: “devemos continuar a trabalhar em conjunto para assegurar que a indústria, e a Austrália, permaneçam competitivas numa economia de baixo carbono”.

No Brasil, há estudo semelhante capitaneado por lideranças industriais? Afora o obtuso e irrecuperável atual presidente, entre os candidatos a nos governarem, quantos chamam o debate para o que deveria ser seu ponto central? Curioso é que algumas das empresas signatárias do estudo australiano atuam e são importantes no Brasil, onde se calam!!

A fumaça da Petrobrás não nos impede, apenas, de ver corretamente o problema; ela também nos impede de respirar e mata mais de 50.000 pessoas por ano em nosso país. No mundo, e aí a responsabilidade da Petrobrás não é plena, são mais de seis milhões de mortos anualmente. Nada disso, porém, parece sensibilizar esses candidatos, seus apoiadores e financiadores.

Nessa conjuntura foi realizado em 06/2022 o fórum das Maiores Economias sobre Energia e Clima, promovido pela Casa Branca – sem a presença do Brasil –, na qual o Secretário Executivo da ONU afirmou: “As empresas de petróleo e os bancos que as financiam apertam a humanidade pelo pescoço”, e afirmou ainda que tais corporações “por muitos anos, investiram em pseudociência e relações públicas […] explorando as mesmas táticas da indústria do tabaco décadas atrás, escondendo e negando as evidências”. “Elas devem ser responsabilizadas”, concluiu.

Na Austrália, até os líderes industriais parecem ter entendido que manter a competitividade exige avançar na economia de baixo carbono. No Brasil, nossos governantes – que pelo seu comportamento jamais devem ser chamados de líderes – ignoram o que é fundamental. Com tais governantes e candidatos, como construir uma nação mais promissora?

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia – Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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