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A falta de representatividade no Brasil (por Ricardo Guedes)

As teorias de democracia, que previam a eleição dos melhores, a representatividade dos grupos sociais, e a distribuição de renda, falharam

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A representatividade no mundo está em baixa. As teorias de democracia, que previam a eleição dos melhores, a representatividade dos grupos sociais, e a distribuição de renda, falharam. Na concentração do capital, a distância entre os ricos e os pobres inviabiliza a democracia, desterrados pela ignomínia do nada.

Vejamos o Brasil. O Brasil é a 9ª economia do mundo, com PIB estimado em US$ 2,1 trilhões em 2023. Em renda per capita, estamos na 63ª colocação, com US$ 11.073,00 anuais. No IDH, que mede a qualidade de vida em função de bens e serviços para 191 países, estamos na 87ª posição. No índice de GINI, que mede a distribuição de riqueza para 162 países, estamos na 154ª posição. No PISA, que mede o desempenho de alunos do ensino médio em 81 países, o Brasil encontra-se na 52ª posição em leitura, 61ª em ciências, e 65ª em matemática. Onde pode estar a nossa democracia?

As Emendas Parlamentares são o maior indicador da dissensão social. Em 2014, com Dilma, o valor total das Emendas Parlamentares atingiu R$ 10 bilhões; em 2017, com Temer, R$ 15 bilhões; em 2020, com Bolsonaro, R$ 35 bilhões; neste ano de 2024, com Lula, chegamos a R$ 55 bilhões.

O Orçamento da União para 2024 é de R$ 5,5 trilhões. Destes, 95% estão comprometidos com gastos correntes, como pessoal, dívida pública, e outras despesas comprometidas. O total previsto para investimentos é de R$ 279 bilhões, 5% do orçamento total. Destes, R$ 151 bilhões são para investimentos em estatais, 2,7% do orçamento total. Sobram, portanto, R$ 128 bilhões para investimentos de livre alocação, 2,3% do orçamento total. Destes, R$ 73 bilhões são para investimentos pelo Executivo, e R$ 55 bilhões em Emendas Parlamentares. Ou seja, dos R$ 128 bilhões para investimento de livre alocação, 57% são por parte do Governo, e 47% por parte dos Parlamentares. Em percentuais, no total do Orçamento da União, 1,4% é para investimentos pelo Governo, e 1,0% pelos Parlamentares. Ou seja, 1,0% do total do Orçamento da União cabe à alocação pelos 594 Senadores e Deputados no Congresso, equivalente a R$ 92,5 milhões em aplicações “per capita”. Um desvio de função. Assim, sobra pouco tempo para se pensar na população.

Caso exacerbado o do Brasil. Como se diz no dito popular, “ninguém aguenta”.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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