A dor do real e os risos do dólar e do peso cubano
“Para cada um real de bondade que o Governo dá, temos que criar um real de imposto, porque ninguém dá nada de graça para o Governo”
atualizado
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(por Roberto Caminha Filho)
Temos que tirar o chapéu para o grande tributarista Everardo Maciel quando cravou nas nossas mentes a frase mais inteligente que já saiu de Brasília:
“Para cada um real de bondade que o Governo dá, temos que criar um real de imposto, porque ninguém dá nada de graça para o Governo”
Essa frase é de uma genialidade que até eu, medianamente inteligente, passo a entender da imensa vontade dos canhotos em aumentar a carga tributária da nossa terrinha. Isso está afastando a nossa economia da americana, alemã, suíça e outras prósperas e aproximando-a da delicada formosura da Venezuela, Coréia do Norte e da fenomenal e progressista Cuba. Como é que ainda se faz um desatino desses? E em pleno século 21, ainda aplicar ganchos e chutes no queixo do Óbvio.
Ao passar no terrível vestibular e entrar na faculdade de economia, deparei-me com o Sr. Saladino, o porteiro da faculdade, na saída da matrícula e com uma folha que mostrava 5 ações que alguém, com aquele papel de matrícula, não poderia entrar na sala de aula, se não entendesse o que ali estava escrito e que ele estava apto a explicar, em caso de dificuldade.
Aqui estão cinco erros comuns que um Economicida pode cometer, levando a uma desvalorização da moeda da sua santa terrinha frente ao dólar e ao peso cubano:
1. Política Fiscal Expansionista e Descontrolada: Quando o governo gasta mais do que arrecada, ele precisa se endividar ou imprimir dinheiro. Isso aumenta a dívida pública e gera desconfiança entre investidores. Com a percepção de risco aumentando, investidores retiram seu rico capital do país, reduzindo a procura pela moeda local e enfraquecendo-a. Faça isso na sua casa e terá que pedir emprestado ao vizinho e vender os seus utensílios muito mais barato que os preços das lojas.
2. Inflação Alta e Mal Controlada: Uma inflação descontrolada diminui o poder de compra da moeda local e desestimula investimentos. Para os investidores estrangeiros, a inflação alta sinaliza que o valor do seu dinheiro pode ser corroído, tornando o dólar e o peso cubano mais atraente. Com mais investidores vendendo a moeda local, o valor dela diminui frente ao dólar e ao peso cubano.
3. Falta de Reservas Internacionais: Reservas cambiais em dólares ajudam o governo a intervir no mercado de câmbio para estabilizar a moeda local. Quando um país não possui reservas suficientes, ele tem menos ferramentas para defender sua moeda em tempos de volatilidade, o que facilita a desvalorização em relação ao dólar e ao peso cubano.
4. Instabilidade Política e Institucional: Problemas políticos, como mudanças constantes nas políticas econômicas, corrupção ou crises institucionais, criam incerteza e afastam investidores. A desconfiança quanto à estabilidade do país leva à fuga de capital e uma menor procura pela moeda local, fazendo-a se desvalorizar. Esse erro está muito longe de acontecer no Brasil. No seu livro sobre dolarização, o mestre francês Pierre Salama, abusa do direito de acertar quando diz: nos países em desenvolvimento, para não dizer subdesenvolvidos, todas as vezes que falam em reforma fiscal e tributária, só existe um motivo, aumentar a carga tributária. É o maior veneno para alimentar a desvalorização da moeda do local e aumentar a procura pelo dólar. O peso cubano ficará com inveja porque ninguém é maluco a ponto de procurá-lo.
5. Falta de Atração para Investimentos Externos: Se o Ministério da Economia não incentiva ou facilita o investimento estrangeiro, o capital estrangeiro diminui. Com menos investidores externos interessados, há menor entrada de dólares, o que pressiona a moeda local para baixo. É tudo muito lógico, como na sua casa. Tente gastar mais do que ganha.
Esses fatores, isoladamente, já podem causar desvalorização, mas, quando deixam acontecer, em conjunto, tornam o cenário ainda mais crítico para a moeda local. Ainda bem que esses cinco ítens estão longe de acontecer aqui no Brasil. O Vale-Gás poderá ajudar a criar um impostozinho de nada e tentar fugir das velhas e cansadas pedaladas. É bom lembrar que a minha querida Presidenta perdeu o ritmo, em plena avenida, ao deixar acontecer umas pedaladas fiscais. O Vale-Gás será uma grande bondade para milhões e milhões pagarão um impostozinho sem-vergonhazinho.
Chega de invenções já inventadas que só deram em cracas para quem as reeditou. O Brasil, de 300 milhões de respirantes, não merece esses sofrimentos pra lá de esperados por todos.
Roberto Caminha Filho, economista, recebeu esse aviso, pelo porteiro, quando deu a primeira pisada na Faculdade de Economia.