A difícil travessia do governo Bolsonaro para o de Lula
Equipe de transição pode chegar a cerca de 200 nomes
atualizado
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Enquanto o mercado e seus porta-vozes na imprensa se preocupam com o nome do próximo ministro da economia, Geraldo Alckmin, coordenador do governo de transição e vice-presidente eleito, vai anunciando os integrantes dos 31 grupos técnicos prioritários da nova gestão.
No CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do gabinete transitório, foram divulgados oito dos trinta e um grupos técnicos: Economia, Planejamento, Igualdade Racial Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Comunicação, Direitos Humanos, Indústria e Mulheres. Ainda faltam muitos temas relevantes, como Educação e Meio Ambiente.
Para acalmar as especulações sobre os possíveis ministros, Lula discursou para aliados no último dia 10 e avisou que o anúncio dos ministros do novo governo será somente em dezembro. Por ora, sabe-se que o próximo presidente deseja uma renovação e ministros que trabalharam nos governos petistas anteriores não devem retomar suas pastas, como Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, cotado para ministérios ligados à Economia ou Infraestrutura.
Lula afirmou que “não serão ministras as pessoas que estão [na transição], podem ser e podem não ser” e que “a comissão de transição não decide nada. O que ela vai fazer é como se fosse uma máquina de ressonância magnética. Ela vai fazer um levantamento da situação do país”.
A boa notícia para os aliados que batalham por esses cargos é que esses trinta e um grupos técnicos indicam um maior número de pastas na Esplanada dos Ministérios. Vai ter lugar para acomodar muita gente.
Se não define nomes de ministros, a equipe de transição pode dar algumas pistas sobre Lula-3. A paridade de gênero pode ser uma delas. Dos 55 nomes anunciados oficialmente, 24 são mulheres e 31 são homens.
Levantamento do site Poder360 apontou que trinta e sete dos 55 integrantes tendem a concordar com a teoria do Estado como indutor do crescimento econômico. Péssima notícia para a Faria Lima. Praticamente metade desse grupo pertence ao PT. Janja da Silva é a coordenadora da posse, mostrando que sua participação será mais efetiva do que apenas acompanhar Lula em viagens oficiais.
Como escreveu o jornalista Evandro Éboli no blog ontem, Lula tratou de unir agronegócio e movimentos sociais na equipe de transição do Ministério da Agricultura. O deputado Valmir Assunção (PT-BA), assentado da reforma agrária, está cotado para o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A possibilidade do desmembramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública em duas pastas diferentes se concretizada evidenciaria a força do grupo de advogados Prerrogativas e obrigaria Flávio Dino a buscar outra pasta ou aceitar a Justiça com menor poder de influência.
Se manter os grupos técnicos com até 9 integrantes, a lista do governo de transição vai passar de 200 nomes. Mais, gente, mais especulações e muitas pistas sobre o próximo governo.