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A cobertura da tragédia climática que atinge dois terços do Rio Grande do Sul oferece mais uma prova da relevância e das tarefas intransferíveis do jornalismo, apesar das tentativas de igualá-lo a outras formas de produção de conteúdo e reflexão em espaços virtuais.
Repórteres, em todas as frentes e em todas as mídias, reafirmam que não há como imaginar-se um mundo em que a imprensa possa ser substituída como observadora, captadora e transmissora de informações.
Mas essa tarefa, de observar e contar o que se viu, não é a única do jornalismo, em quaisquer circunstâncias. É agora, ainda em meio à urgência, que a imprensa deve se dedicar à reflexão e à busca da análise e de informações que levem à compreensão da tragédia, suas causas e seus danos.
A Associação Brasileira de Imprensa, que se orgulha do que vem sendo feito pelos profissionais da área, é testemunha de que, em situações históricas semelhantes, a imprensa foi além da missão de narrar fatos.
O que acontece no Rio Grande do Sul não é obra do acaso, do descaso ou do negacionismo. A exemplo de tragédias semelhantes que ocorreram em outras regiões do país, o governo estadual apresenta déficits de planejamento e fiscalização de questões relacionadas a fatores climáticos, hídricos e de ocupação do solo, em áreas rurais e urbanas.
Por isso a missão complementar e essencial da imprensa, mesmo em meio à urgência da cobertura in loco, é a de chegar ao que levou a essa destruição, para muito além da atribuição genérica aos desmandos contra a natureza.
O jornalismo precisa contemplar essas questões, abordando a destruição das estruturas de Estado e das legislações ambientais, para que o caso gaúcho não seja tratado como obra apenas de macrofatores comuns ao mundo todo.
A ABI expressa seu reconhecimento ao trabalho dos jornalistas na cobertura desse evento e reafirma a certeza de que a avaliação do que aconteceu e que não pode se repetir passará pelos esforços para informar, analisar e refletir da imprensa brasileira.