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50 anos de Dia Mundial do Meio Ambiente (por Emiliano Lobo de Godoi)

Estamos ainda ancorados em práticas antigas, de resultados imediatos e de estragos irreversíveis

atualizado

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Hotel Urbano/Reprodução
Floresta Amazônica
1 de 1 Floresta Amazônica - Foto: Hotel Urbano/Reprodução

No dia 5 de junho de 1972, em um período conturbado de Guerra Fria, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu o primeiro encontro mundial para discutir as questões ambientais. Essa reunião, conhecida por Conferência de Estocolmo, reuniu 113 países e mais 400 instituições governamentais e não governamentais, e se tornou um marco na história da preservação do meio ambiente.

Naquela época, alguns sinais de alerta já eram observados, como o crescimento econômico acelerado sem as devidas preocupações com suas consequências, chuvas ácidas, acumulação de metais pesados no solo, na fauna e na flora, com especial destaque ao uso de desfolhantes pelos EUA no Vietnã. Com isso, ocorreu um grande aumento da publicidade dos problemas ambientais, e o tema passou a integrar as agendas políticas de todas as nações. Hoje é considerado como um direito fundamental para a melhoria da qualidade de vida.

Desde então, ficou estabelecido que a data da abertura da Conferência, dia 05 de junho, se comemoraria o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Nestes 50 anos tivemos avanços. Práticas de sustentabilidade foram desenvolvidas para diversos setores, tais como agricultura, construção civil e transporte. Tecnologias de energia limpa e de meios de transporte menos poluentes estão hoje disponíveis para serem adotadas. Temos um variado “cardápio” de opções para se estabelecer uma economia de baixo carbono.

Entretanto, nossa realidade ainda está bem distante disso. Temos o “cardápio”, mas nos falta força e vontade para nos servirmos dele.

Estamos ainda ancorados em práticas antigas, de resultados imediatos e de estragos irreversíveis. A capacidade de suporte do planeta é cada vez menor e os sinais de alerta são evidentes. Eventos climáticos extremos, tais como os ocorridos recentemente em Petrópolis e na região metropolitana de Recife, são cada vez mais comuns. O lixo gerado pela sociedade se acumula cada vez mais. Dados do Instituto Imazon indicam que o desmatamento na Amazônia em 2021 foi 29% maior do que o registrado em 2020.

Diversos debates foram feitos, inúmeras reuniões foram realizadas, muitos acordos foram assinados, porém, poucos foram cumpridos. Fizemos muito no meio e quase nada no ambiente. Muito se comemorou nessa data, mas pouco se fez.

Nos próximos 50 anos, se as projeções do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) estiverem corretas, o planeta vai ser em torno de 2ºC mais quente, com redução de 20% a 30% do índice pluviométrico nas regiões tropicais, como o Brasil. Países que dependem da água originada do derretimento das geleiras, como em nossos vizinhos Argentina e Chile, o desequilíbrio climático poderá causar sérios problemas de abastecimento hídrico.

O Dia Mundial do Meio Ambiente não é capaz, por si só, de mudar essa realidade. Precisamos de engajamento de nossos governantes, de eficácia de nossas políticas, de sensibilidade do setor empresarial, de pesquisa do setor científico e de cobrança de toda a sociedade. Precisamos de mais ação e menos discurso. Afinal, pensarmos em meio ambiente apenas no dia 5 de junho não é suficiente para evitar tantos estragos.

Emiliano Lobo de Godoi – Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

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