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5 questões endereçadas pelos eleitores aos partidos (Leonardo Barreto)

O PT deixou um cenário “muito ruim” para trás e migrou para um cenário “ruim”

atualizado

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1 de 1 PT - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

1. *O PT perdeu, mas viu caminhos*

O PT deixou um cenário “muito ruim” para trás e migrou para um cenário “ruim”. O poder de transferência de votos de Lula se mostrou limitado mesmo em cidades da região Nordeste, mas apresentou um caminho que pode seguir.

Reduzir a “Lulodependência” por meio de parcerias com partidos de centro – com os quais pode rediscutir visões de políticas públicas – e forte recrutamento de novas lideranças, com aposta na qualidade dos quadros (e não sua fidelidade). O desempenho do candidato de Cuiabá, por exemplo, mostra que currículo ajuda a superar resistência ideológica;

2. *Lula precisa fazer uma DR com o espelho*

Se lembrarmos que Lula já foi um Midas, personagem mitológico que transformava tudo que tocava em ouro, então é possível dizer que ele falhou no teste. Segundo levantamento do Poder 360, das 26 cidades visitadas, Lula venceu apenas em 4.

*Lula precisa trabalhar, agora, em duas frentes: dizer o que será o seu governo até 2026 (a derrota fará com que ele ajuste a política econômica ou que aprofunde o que está sendo feito, com forte pressão sobre os gastos?) e precisa planejar sua sucessão, inclusive a redução da “Lulodependência”. O PT, sozinho, não consegue discutir isso. Vai ter que partir do “grande líder”.

3. *Bolsonaro perdeu? Depende de como ele encara o seu lugar*

A ideia de que Bolsonaro perdeu esbarra em dois problemas. O primeiro é que o PL saltou de 2 para 16 cidades no grupo dos 103 municípios com mais de 200 mil habitantes. O partido do ex-presidente ganhou espaço nos grandes centros urbanos. O segundo ponto é considerar que o PL ganhou esse espaço *sendo um partido de oposição*, algo raro no Brasil, onde o governismo sempre exerce uma forte força gravitacional.

Se Bolsonaro entender seu papel, de grande eleitor, e não mais de maestro, pode até dizer que venceu, criando uma onda que, hoje, é maior e mais diversa do que ele. Se, por outro lado, o ex-presidente insistir em ser o grande timoneiro da direita, aí vai quebrar a cara, porque os partidos do centro claramente querem contar com seus votos, mas não com sua liderança.

4. *A vitória do centro mostra que a polarização não existe? Não tão rápido…*

Mais ou menos. Se, por um lado, os cinco maiores partidos de centro venceram a maior parte dos municípios, isso não significa que os polos enfraqueceram. Especialmente porque eles orbitam as ideias de uma ou de outra da escala ideológica. Por exemplo, é difícil dizer que o Republicanos de Tarcísio de Freitas não tenha um discurso conservador mais próximo da direita do que da esquerda. Se fosse um carro, provavelmente o centro estaria com o volante puxando para a direita.

5. *O Congresso consolidou seu poder, mas precisa ganhar legitimidade…*

As emendas parlamentares tiveram grande efeito sobre as políticas públicas que fluem diretamente para os municípios. Mas as emendas estão bloqueadas pelo STF e sob forte pressão da mídia, que ainda não compra a ideia de que o semipresidencialismo pode ser melhor para o país. O Congresso precisa urgentemente de uma evolução de transparência e sistematização se quiser legitimar um novo arranjo de poderes favorável ao Legislativo.

 

*Leonardo Barreto é doutor em Ciência Política (UnB) e sócio da consultoria Think Policy.*

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