Analistas: decisão de Boulos pavimenta caminho para virar ministro
Ao desistir de disputar governo, politico do Psol favorece Haddad, ajuda a eleger bancada e reduz espaço de antipetistas em SP
atualizado
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A decisão de Guilherme Boulos, do PSol, em trocar a disputa do governo paulista por uma vaga na Câmara dos Deputados movimentou o mundo político neste início de semana. Para cientistas e analistas políticos, o anúncio de Boulos, de cara, beneficia o petista Fernando Haddad, que não corre risco de dividir votos com outro postulante da esquerda.
Para o cientista político Vítor Oliveira, da Pulso Público, Haddad é o óbvio ganhador e Boulos, com sua desistência, ganha uma autonomia maior no caminho para a disputa da prefeitura da capital paulista em 2024.
“Ele terá uma campanha a deputado para trabalhar bases e mobilizar apoiadores diretos, além de aproximar seu nome de um ministério de destaque, caso Lula vença e o PSOL seja capaz de ampliar sua bancada na Câmara dos Deputados” – disse Oliveira ao Blog do Noblat.
Ao priorizar a disputa para deputado federal, Boulos abre uma perspectiva ainda desconhecida pelo PSol, de ser governo federal, acredita Oliveira.
“Assim, os maiores ganhadores com a decisão de Boulos, no curto prazo, são Haddad e o próprio PSOL, que poderá superar com mais facilidade a cláusula de desempenho e tensionar a agenda de uma futura coalizão de governo liderada pelo PT” – completou.
O cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, também entende ser positiva para Boulos sua decisão em não disputar o governo do estado. Entende que, com eventual derrota, o candidato do PSol perderia parte de seu ativo.
“O que ele está fazendo agora, ao disputar uma vaga de deputado, é otimizar esse ativo e não queimá-lo. Boulos vai ajudar a esquerda e a seu partido. Afinal, quanto mais deputados, maior o volume de recursos para o Fundo Partidário. Tem esse aspecto também” – disse André César.
A campanha para deputado vai deixar Boulos livre para trabalhar até mesmo para candidatos do PSol fora de São Paulo, já que se tornou uma referência nacional da esquerda, quando disputou o segundo da capital paulista dois anos atrás, entende André César.
“Uma campanha para governador é desgastante, não se tem tempo para quase nada. E o PSol vem numa trajetória ascendente, pode aumentar sua bancada. E ele poderá ajudar o partido a superar a cláusula de barreira, uma ameaça aos partidos menores”.