A ressaca e os acenos da direita argentina após a derrota
Massa e Milei esperam de braços abertos. O primeiro clamando por unidade nacional. O segundo, berrando antiperonismo
atualizado
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A coalizão Juntos pela Mudança que uniu a Proposta Republicana e a União Cívica Radical, entre outros partidos de direita, ficou fora do segundo turno das eleições presidenciais argentina, Sua candidata Patrícia Bullrich ficou em terceiro lugar, com 23% dos votos. Desde já, duas perguntas cercam o grupo: a coalizão vai acabar? O que fazer no segundo turno, apoiar Massa ou Milei?
Seu principal nome, o ex-presidente Mauricio Macri, sempre normalizou o fenômeno político que se transformou Javier Milei, apesar de todos os disparates do líder do Liberdade Avança. Há elogios públicos de ambas as partes. Acusa-se Macri de sabotar as primárias entre Horacio Rodríguez Larreta e Patricia Bullrich e jamais acreditar na candidata vencedora. Por isso, seus acenos a Milei alimentam a possibilidade de participar de seu governo ultradireitista. Independente da coalizão, parece que o ex-presidente tem seu próprio jogo.
O liberalismo econômico é o norte que cultiva a relação entre Milei e Macri, que já disse mais de uma vez que o ultradireitista tem boas ideias econômicas. Aposta-se que não haverá um apoio explícito, mas está claro para onde irão boa parte dos votos do PRO. Além disso, Macri torce para que seu primo Jorge confirme a vitória no segundo turno da eleição na capital portenha, para então definir seus próximos passos políticos.
Patricia Bullrich também fez suas escolhas. No discurso em que reconheceu a derrota no 1º turno, sua mensagem foi, basicamente, todos os juntos contra o peronismo. “O populismo empobreceu o país e não sou eu quem vai felicitar o regresso ao poder de alguém que fez parte do pior governo da história Argentina”, disse. Acusou o governo de distribuir dinheiro e endividar ainda mais o país durante a campanha e que não será cúmplice “das máfias que destruíram” a Argentina. Nem precisa citar Milei.
Setores mais radicais da UCR não devem aderir a Milei. E nada como convites para alguns ministérios para que o peronismo não seja o fim do mundo. Há setores que não compartilham das ideias ultraliberais e outros que não escondem o rancor de Milei. Sem ele e com todos os problemas econômicos do governo de Alberto Fernandez, a vitória da coalizão era certa. Ficaram pelo caminho.
A coalizão deve acabar se impor um apoio conjunto. Se liberar seus integrantes a agirem de maneira independente, vai explicitar rachas e depois do segundo turno, juntar os cacos. Massa e Milei os esperam de braços abertos. O primeiro clamando por unidade nacional. O segundo, berrando por mudanças.