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Conheça Felipe Sobreiro, o artista de Brasília que publica na Marvel

Em entrevista à coluna Zip, ele fala sobre como o mercado da capital está em expansão

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1 de 1 ultimate_sobreiro_metropoles_capa - Foto: REPRODUÇÃO/MARVEL
Sobreiro: autorretrato

Você sabia que há um quadrinista em Brasília que publica regularmente nas grandes editoras americanas, como a Marvel e a Image? Ele nasceu (tecnicamente, digamos) no México, cresceu em Bogotá e seu RG é de Brasília, onde mora desde 2000. Conheçam Felipe Sobreiro, o atual colorista da famosa série “Generation X” (do universo X-Men) e de “Venom”, pela Marvel, e filho do essencial ilustrador Milton Sobreiro.
Brasília vem se tornando (não são palavras minhas, mas de inúmeros quadrinistas brasileiros) uma força preponderante no mercado de HQs nacional. Não é um fenômeno exclusivo daqui: se nos anos 1980, 1990 e 2000, os jovens cultivavam profunda identificação com o rock (aqui especialmente), hoje se dedicam aos gibis.

Faculdades de artes, comunicação e letras estão abarrotadas de trabalhos sobre a nona arte. A expressão por meio da arte sequencial parece ter se tornado um assunto elegante, arrojado, delicado e “cool” o suficiente para suscitar enorme engajamento nas novas gerações (Y e Z). E a cidade do rock se tornou, de certa maneira, a capital dos quadrinhos.

É por isso que o trabalho de Sobreiro marca a nova onda de quadrinistas brasilienses. Ele é um sujeito discreto, pacato e focado. No mercado americano desde 2007 (quando publicou na clássica revista “Heavy Metal”), ele chegou a ilustrar para um tributo à série “Transmetropolitan”, do selo Vertigo (da DC Comics), e fazer diversas capas, incluindo “X-Men”, “Motoqueiro Fantasma” e “All-New Ultimates”. O empenho dele representa a “vibe” da cena local.

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Felipe, porém, destacou-se logo como exímio colorista, uma parte da produção dos “comics” que nem sempre é lembrada pela fanboyzada da vida. O pulo do gato veio mesmo quando ele passou a colorir a série cult “The Strange Talent of Luther Strode”, da Image, em 2011. Escrita por Justin Jordan e ilustrada por Tradd Moore, a HQ prima pela violência estilizada, por inúmeras referências à cultura pop e por um entendimento moderno do pensamento juvenil. Depois disso, veio a série “Spread” (também de Justin Jordan) e, agora, na Marvel, “Generation X” e “Venom”, série sobre o carismático vilão do Homem-Aranha. Aqui em Brasília, ele está no Jornal Pimba, uma das publicações mais diversas e interessantes da capital.

Conversei com Sobreiro sobre sua profissão e sua opinião a respeito de vários assuntos relacionados aos quadrinhos.

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Generation X

Você já realizou trabalhos para grandes editoras como Marvel, DC e Image Comics como artista, mas principalmente como colorista. Pode explicar um pouco como você faz seu trabalho? 
O processo é todo feito via internet. Eu recebo do desenhista a página em preto e branco com uma resolução alta, eu faço a colorização toda no Photoshop, mando uma versão por e-mail para que eles (o editor, o roteirista e/ou o desenhista) aprovem. Se estiver ok, eu faço o upload do trabalho colorido em alta resolução. Aí o letrista finaliza aplicando os balões e textos.
O mercado americano de quadrinhos dos anos 1990 para cá já tem uma certa tradição em recrutar artistas brasileiros: Roger Cruz, Ivan Reis, Gabriel Bá e Fábio Moon. O que você acha que qualifica o sucesso dos nossos artistas nesse mercado?
Acho que não é exclusivo do Brasil. Em outros países com um forte consumo de quadrinhos o fenômeno se repete. Com o tempo vão surgindo grupos, escolas de desenho, e aí começam a aparecer artistas de qualidade.

Seu pai, Milton Sobreiro, é também um artista que fez sucesso nos quadrinhos, internacionais REPRODUÇÃO/IMAGEinclusive. Como você enxerga a hereditariedade nessa questão? Como ele te influenciou e como você se distancia dele?
Meu pai foi a grande influência em mim, eu tive sorte de ter sido apoiado pela minha família. Meu pai não insistiu que eu seguisse os passos dele, mas ficou feliz quando eu fiz. Quanto à hereditariedade, eu não acredito muito nela, pelo menos não geneticamente falando. É mais uma questão de crescer num ambiente propício à arte, com acesso a muitos livros, revistas, materiais de desenho.

O que você leu na sua formação? O que tem a dizer sobre seus quadrinhos favoritos?
Quando criança eu adorava Asterix, Tintim, Tio Patinhas, Turma da Mônica. Depois descobri a escola francesa e os quadrinhos de super-heróis da Marvel e DC. Eu sigo mais artistas do que personagens, adoro Frank Quitely, Mignola, Moebius, Bilal, Gabriel Rodriguez, Alberto Breccia, Taiyo Matsumoto, Seth, Chris Ware…

Tirando seu próprio pai, você é o único quadrinista radicado em Brasília a publicar nas grandes editoras americanas. Como você vê o crescimento da cena brasiliense e o que se pode fazer para melhorar ainda mais?
Acho que Brasília, em geral, tem uma cena muito forte de autores e muitas feiras que incentivam o meio (como a Dente e o Motim). Porém, o mercado é mais difícil. A produção tem que ser paga do próprio bolso ou financiada coletivamente. Faz falta investimento, editoras de peso, mais espaços como o Renato Russo, mais acesso.

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EM TEMPO
Se você curte quadrinhos, especialmente os de Brasília, neste sábado (15/7) haverá, no Shopping Venâncio, o evento “Praça do Vinil convida Raio Laser”. A evento de venda de discos de vinil já está na quarta edição e traz, além das bolachas, quadrinhos! Serão vários expositores com quadrinhos autorais (Mês, Piqui, Pimba, LTG, Vudu, Brazilla) e também com raridades para colecionadores. É uma chance de conferir a qualidade da cena brasiliense.

Praça do Vinil convida Raio Laser
No sábado (15/7), das 10h às 19h, na Praça de Alimentação do Venâncio Shopping. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre

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