Compartilhar notícia
O clima é de prévias carnavalescas, mas a melô do governo bolsonarista que ecoa no país é um clássico do gênio paraibano Jackson do Pandeiro (na foto em destaque): “É de pió a pió/ É de pió a pió/ A cantiga da perua é uma só”. Deixo aí o refrão na grafia original e matuta do Rei do Ritmo.
Para quem ainda não completou 18 anos e busca uma vaga em uma universidade pública (via Sisu) ou para quem tem 80 e precisa resolver pendências nos guichês do INSS com suas filas de dois milhões de viventes. Seja qual for a sua faixa etária, meu jovem, vale o bis do forró: é de pior a pior.
A cantiga da perua não perdoa sequer o “cidadão de bem” cujo brado retumbante ainda ecoa nas ruas contra os desvios públicos para benefícios privados. Repare no caso de Fábio Wajngarten, chefe da Secom. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o auxiliar de Jair Bolsonaro recebe, por meio de uma firma da qual é sócio, dinheiro de emissoras de tv e de agências publicitárias contratadas pela própria secretaria que comanda na equipe de Bolsonaro. O MPF pediu investigação do episódio.
O pio desafinado da perua também vale para o meio ambiente. O estrago é amazônico. No pensamento governista, tudo seria um formigueiro gigante de serras peladas e fazendas de gado. Para completar, o mal é o que sai da boca do homem – repetindo a moral bíblica –, com ofensas permanentes aos povos indígenas.
Para onde a gente se vira, a perua está lá, com sua monotemática cantiga. É de pior a pior. E nos gabinetes de Brasília segue a ladainha oficial de culpar os adversários e atribuir o caos a fantasiosas sabotagens.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.