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O Brasil ainda está casado com a democracia, mas tem saído com amantes perigosíssimas. Em um dia paquera o nazismo de Hitler – repare no caso do Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura – e no outro sai de mãos dadas por aí com o fascismo de Mussolini, como se não fosse nada demais um procurador da República denunciar um jornalista que sequer foi investigado ou indiciado.
Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, é alvo do Ministério Público Federal. Um dos repórteres investigativos mais respeitados no mundo pelos seus furos e prêmios, Greenwald paga por ter revelado – papel do bom jornalismo livre – o escândalo da VazaJato.
Talvez o iluminista Greenwald tenha ferido moralmente o MP ao tornar explícito, como em um filme pornô, o comportamento ilegal dos procuradores da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro. Aqui, velho Marx, a história se repete como pornochanchada.
Apenas a música do gênio gaúcho Lupicínio Rodrigues explica essa decisão. Só “vingança, vingança, vingança” aos santos clamar. Vingança como política em Brasília, pautada direta ou indiretamente pelo sistema bolsonarista, é de um fascismo (jovens, ao Google, com todo amor e carinho) nunca dantes visto nos tristes trópicos.
Agora é o cearense Ednardo que toca na vitrola do cronista só pra desanuviar um pouco o ambiente político do Brasil: “Pulsando num segundo letal/ No planalto central/ Onde se divide, se divide, se divide/O bem e o mal”.
Voltemos às metáforas casamenteiras do sistema bolsonarista, sem pensar em noivado nem mesmo com a namoradinha-mor do Brasil, direto ao altar da sacanagem política. Qual o destino de um poder que acaba de transar com o nazismo e no dia seguinte se mostra mais amancebado, amasiado, apaixonado, arriado os quatro pneus pelo fascismo?
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.