Cientistas da IHU Mediterranee Infection de Marselha, na França, divulgaram um estudo com novas evidências sobre o surgimento da variante Deltacron, uma versão híbrida do coronavírus que combina genes das variantes Delta e Ômicron
Em artigo publicado na plataforma medRxiv na quinta-feira (8/3), os pesquisadores detalham três casos de pacientes do Sul da França que teriam apresentado a Deltacron
Análises feitas em laboratório mostram que o vírus combina o corpo da variante Delta com o gene da proteína spike da variante Ômicron, responsável por fazer a ligação com as células humanas
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o Brasil registrou os dois primeiros casos positivos da variante Deltacron da Covid-19 no início de março
Em entrevista à agência Reuters, o principal autor da pesquisa, Philippe Colson, afirmou que, pelo número reduzido de casos, ainda é cedo para saber se a Deltacron pode ser mais transmissível ou letal do que as versões anteriores do vírus
Etienne Simon-Loriere, virologista do Institut Pasteur, lembrou, em entrevista ao The New York Times, que a proteína spike é a parte mais importante do vírus quando se trata de invadir células, além do principal alvo dos anticorpos produzidos por meio de infecções e vacinas
Portanto, as defesas que as pessoas adquiriram contra ômicron (por meio de infecções, vacinas ou ambos), por exemplo, devem funcionar bem contra o novo recombinante
Nessa quarta-feira (9/3), a diretora técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, confirmou que a agência internacional de saúde monitora a Deltacron. A especialista assegurou, no entanto, que ainda não há motivos para preocupação
“A nova variante recombinante é algo esperado, principalmente se levarmos em consideração a circulação do vírus. A Delta ainda circulava na Europa quando a Ômicron apareceu”, afirmou Van Kerkhove
No início de janeiro, o professor de ciências biológicas da Universidade de Chipre, Leondios Kostrikis, anunciou a descoberta da Deltacron em uma rede de televisão local, afirmando que havia ao menos 25 casos relacionados à cepa
Entretanto, cientistas de outras países que analisam o sequenciamento genético do vírus logo lançaram a suspeita de que o achado não passava de um erro gerado a partir de uma contaminação de laboratório com fragmentos de Ômicron em uma amostra da versão Delta do vírus