A Inglaterra terá um “novo rico” no futebol. A Premier League aprovou a venda do Newcastle a um fundo de investimentos da Arábia Saudita por R$ 2,2 bilhões
Os torcedores do clube foram às ruas celebrar a notícia – tanto pela perspectiva de reforços de alto escalão que podem chegar, quanto pela possibilidade de se verem livres de Mike Ashley, cuja gestão era muito criticada
No entanto, nem tudo são flores. Mesmo antes de assumir, a nova gestão do Newcastle já é alvo de críticas por diversos grupos ativistas de direitos humanos
Uma das preocupações diz respeito à prática do “sportswashing” – quando o esporte é usado para ofuscar ações que determinados governos não desejam que sejam reconhecidas pelo mundo e para “limpar” sua imagem pública, de forma geral
E aí entra a figura de Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, administrador do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) e responsável pela compra do Newcastle
O príncipe apresentou, em 2016, um plano para diversificar a economia da Arábia Saudita e reduzir sua dependência do petróleo. Para desenvolver novos setores, como recreação e turismo, é necessário mudar a imagem rígida, religiosa e conservadora que acompanha o país
Além disso, bin Salman e seu regime são acusados de uma série de violações relacionadas à opressão a mulheres e à comunidade LGBTQIA+, assim como censura e execuções
Em 2018, o jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho crítico do regime de bin Salman, foi ao consulado da Arábia Saudita, na Turquia, em busca de documentos para formalizar o seu casamento, e desapareceu
Depois de semanas, foi divulgado um áudio comprovando que Khashoggi havia sido torturado e assassinado. Segundo informações da BBC, bin Salman esteve diretamente envolvido no plano para assassinar o jornalista
Hatice Cengiz, a mulher com quem Khashoggi se casaria, condenou a venda do Newcastle para o príncipe herdeiro da Arábia Saudita já em abril de 2020, quando o negócio estava próximo de se concretizar
“Isso arruinaria a boa reputação da Premier League, já que esta aquisição restauraria a posição das autoridades sauditas no cenário internacional”, escreveu, em uma carta enviada à liga por meio de seus advogados