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A primeira modelo transexual de Brasília quer conquistar o mundo da moda

Leandra Calandrini está quebrando tabus relacionados às questões de gênero

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Se eu tivesse escrito “Verdades Secretas”, eu colocaria no núcleo da agência de modelos, como uma das personagens principais, uma história inspirada na vida de Leandra. Essa modelo de 21 anos, descoberta durante um show da Rihanna, é uma linda cria da Asa Sul: nasceu na 112 e hoje está na 103, com a tia e uma irmã. Ela tenta viver da moda desde os 17 anos. Ah, esqueci um detalhe: Leandra, biologicamente, é um homem.

A garota nunca se viu como um menino e no colégio buscava sempre a companhia feminina. A inadequação com o gênero masculino aflorou aos 10 anos, idade em que garotos e garotas começam a notar as diferenças entre os sexos. Foi um tempo complicado, até os 14 anos, quando decidiu dar uma resposta em grande estilo aos que lhe chamavam ofensivamente de “afeminado”. A reviravolta definitiva aconteceu quando ela entrou no mundo da moda e, os que antes a insultavam, começaram a procurá-la querendo tirar casquinha da fama da amiga modelo. Parece que o jogo virou, não é mesmo, queridinha?

Em 2011, a moda estava enlouquecida com a androginia. Modelos andróginos de ambos os sexos eram presença de luxo nos desfiles das grandes marcas. Leandra bombou nesse nicho do mercado. Primeira modelo andrógina de Brasília, foi logo selecionada para desfilar no Capital Fashion Week daquele ano, poucos meses depois de ter sido contratada por uma agência, fazendo dois desfiles – um feminino e um masculino.

Vanessa Lippelt Nilsson

A moda foi, em vários momentos, a salvadora e a mola propulsora da sua conscientização sobre a própria transgeneridade. Pegando carona no sucesso da modelo bósnia Andreja Pejic, que na época interrompeu seu processo de transgenerização para não perder o filão da androginia, as portas foram abertas para a brasiliense. Sua família aceitava vê-la na forma feminina porque “era trabalho”, sem ter consciência de que aquilo já era expressão da mulher que se manifestava. Perspicaz, logo Lê – como os amigos a chamam – percebeu que a androginia, como tudo na moda, é passageiro. Uma definição sobre si própria era necessária. Foi aí que ela disse não a todos os trabalhos de androginia que surgiram, desde então.

O que ninguém esperava era o fenômeno Lea T, na moda, novamente, e Caitlyn Jenner, nas mídias sociais. Lea T levou a transgenerização às passarelas e às rodas de debate mais conservadoras, afinal ela é filha de um jogador de futebol, ambiente extremamente masculino e machista. Mais uma vez, Lê está na ponta do movimento: é a primeira modelo trans da capital e é assim que quer ser conhecida.

Inicialmente, o nome “Lê” em seu perfil de casting era para plantar a dúvida quanto ao gênero, na cabeça dos possíveis clientes. Hoje, só aceita trabalhar como Leandra. A dúvida se dissipou. Inclusive, ela nem aceita mais fazer trabalhos do gênero masculino; e em 2013 desfilou como modelo feminina convidada pela estilista Fernanda Ferrugem. Leandra está em processo de transgenerização. Há alguns meses, toma hormônio. Ao mesmo tempo em que busca uma agência, vem fotografando para revistas de moda e aguarda ansiosamente pela primeira oportunidade de fazer um grande desfile como modelo transgênero.

 

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Lê – o apelido agora usado de modo carinhoso e não mais para incitar dúvidas – quer fazer trabalhos como modelo também para que outras garotas trans saibam que é possível se realizar profissionalmente e se sentir mais feliz ao se olhar no espelho. “É um caminho difícil”, diz Leandra, mas, com a bênção dos deuses da moda, essa grande garota merece todo o reconhecimento e, pela sua trajetória, o final mais feliz de toda a novela.

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