Não basta repudiar: marcas precisam fazer mais no combate à LGBTfobia
Violência praticada por um motorista do Uber no Rio de Janeiro foi denunciada pela cantora Clarice Falcão nas redes sociais
atualizado
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Na quarta passada, dia 24 de julho, a atriz, cantora e compositora Clarice Falcão veio a público numa rede social cobrar posicionamento da Uber pelas agressões sofridas pelo seu amigo Célio Júnior, o namorado dele, a mãe e seu afilhado, feitas por um motorista do aplicativo que chegou a puxar uma arma contra eles. Agora fica a pergunta: o que pode/deve/fará a empresa, que publicamente se mostra contrária à LGBTfobia, diante desse caso?
O casal agredido e a mãe, de 69 anos, relatam que desde o começo o motorista demonstrou insatisfação por estar levando os namorados. No final da corrida aconteceram xingamentos homofóbicos e agressões físicas. Quando o condutor voltou ao carro e eles pensaram que a confusão havia terminado, o agressor retornou apontando a arma para eles. O namorado de Célio entrou na frente para impedir que ele chegasse até a senhora, levou uma coronhada na cabeça e uma rasteira.
O aplicativo informou que, após a denúncia, o motorista foi desligado, mas não forneceu qualquer informação sobre sua identidade, além de emitir uma nota reafirmando seu respeito com a diversidade. Apesar disso, nas matérias sobre o fato, os agredidos e a atriz cobram uma atitude mais efetiva da empresa.
Durante o mês de junho – Mês do Orgulho LGBT –, muitas marcas aproveitam para se afirmarem pró-diversidade, mas o que elas fazem concretamente quanto a isso? Nem é preciso falar que o que acontece nas suas dependências é responsabilidade sua também – seja dentro de uma loja ou de um carro, para quem oferece serviços de transporte. É responsabilidade da corporação observar quem presta serviços a ela e as eventuais consequências de seu bom ou mau atendimento.
Mas o que significa uma empresa apoiar verdadeiramente uma causa? É só colocar um trio elétrico no dia da parada? É pôr um arco-íris na sua embalagem? É pintar seus carros com as cores da bandeira LGBT no aplicativo? E quando surge um problema real para nossa comunidade? E quando há violência física dentro e fora das suas dependências, o que esperamos dessas companhias? Uma nota à imprensa e uma promessa de apoio às vítimas é realmente tudo o que podem fazer?
Com esse caso concreto podemos dizer exatamente o que queremos das empresas que dizem nos apoiar: Vocês estão realmente dispostas a fazer algo pelas nossas vidas e contra a LGBTfobia? Ou tudo o que vocês querem realizar é um arco-íris no aplicativo?
E para dar a real dimensão do que aconteceu com aquelas quatro pessoas, fico com a fala da mãe do Célio, a partir do minuto 5 do vídeo abaixo. Como o próprio Célio disse, eles são pessoas que têm o privilégio de serem ouvidas ao falar da sua agressão – mas e outras, agredidas todos os dias e que não têm a mesma sorte?