Local de resistência cultural: Teatro Rival completa 85 anos
O tradicional espaço da cultura LGBT carioca segue firme e forte, com intensa programação
atualizado
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No final de março, um importante ponto de resistência LGBT no Rio de Janeiro completou 85 anos: o Teatro Rival, de propriedade da família Leal e atualmente administrado pela atriz e diretora Leandra Leal.
Ele é simplesmente o teatro privado há mais tempo em funcionamento no Brasil sem nunca ter fechado. Foi inaugurado no dia 22 de março de 1934 e passou a ser do avô de Leandra, Américo Leal, em 1970. Por lá, já passou o teatro de revista, peças mais sérias, o teatro rebolado e também shows de música. Atualmente, seu lema é “arte, boemia e gastronomia”, como está estampado no seu perfil do Facebook.
No início do filme Divinas Divas, dirigido por Leandra, ela conta de ter ido escondida a uma festa de travestis. Achando-se incógnita, foi reconhecida pela hostess da porta, que disse: “Neta do Américo aqui não paga!” Ela, então, parte para o resgate da relação da sua família com aquele mundo que gerou o filme tão premiado e sensível.
Depois de receber a batuta da sua mãe, a atriz Angela Leal, Leandra retomou o rebolado e os espetáculos que brincam com o gênero e a sexualidade. O palco, muitas vezes, foi/é o espaço mais seguro para os sexualmente divergentes. Essa história de “ah, ele é assim porque é artista e artista não tem sexo” ainda é usada como justificativa para questões com que muitas pessoas não conseguem lidar na vida cotidiana.
Leandra é fã declarada de RuPaul’s Drag Race, e não por acaso acontece em seu teatro o Drag da Cidade: Rainha do Rival. O concurso é aberto para artistas de todos os estilos e tempos de carreira. Apresentado pela carismática Miami Pink, o show tem o corpo de júri formado por Chloe Van Damme, Karina Karão, Ravena Creole e Samara Rios. A segunda temporada da brincadeira, que no ano passado elegeu Melissa L’Orange como vencedora, está na fase classificatória e acontece às quartas, às 19h30. Os ingressos custam R$ 30.
A programação do teatro é diversificada a ponto de contar com os shows das divas do filme de Leandra e de cantores do naipe de Alcione e Moacyr Franco. Ver os espetáculos que lá estão em cartaz me desperta uma vontade de programar uma viagem ao Rio só para ter a experiência de conhecer o lugar.
E é dever nosso priorizar esses lugares, pois é com a nossa força que eles continuam abertos e em funcionamento.
Vida longa ao Rival!